Crônicas de um amor perfeito #5
Escrito por
Djenifer Dias
Publicado em
- E-eu não posso mais. Continuar assim não dá. Os seus pais não aceitam, e eu vou me mudar para outro estado.
Nos sentamos e nos entreolhamos por alguns minutos.
- Se você quer assim.
- Não Julie, não é por que eu quero assim. É por que eu te amo e quero seu bem.
Comecei a chorar compulsivamente e sai de perto dele.
Como ficar longe dele poderia ser algo bom para mim? Por que ele estava me deixando desse jeito tão estranho e repentino? Ontem ele fazia juras de amor , e me dizia que íamos superar tudo. Bolávamos histórias e tramávamos um jeito de burlar as regras do meus pais. Hoje ele chega decidido e me deixa. Com certeza havia outra pessoa, um amor não acabaria assim do nada.
***
- O que foi Julie? Você não quer me beijar?
- N-não é isso é que eu...
- Você? - perguntou levantando meu rosto e me deixando ainda mais perto de seus lábios.
- Eu nunca beijei ninguém antes.
- Esse é o seu único problema?
Fiz que sim com a cabeça, eu não tinha coragem de dizer mais nada depois daquela revelação. Estava trêmula e com medo. Uma sensação de ânsia se formava em minha garganta, talvez por medo.
- Segue meu ritmo - ele me tomou em seus braços e me beijou delicadamente.
A cada segundo meus lábios queriam mais e mais o dele por perto. Eu não queria parar, não queríamos parar, não precisamos parar, não tínhamos que parar. Por isso ficamos nos beijando por longos períodos. Ás vezes parávamos para recuperar o fôlego, ríamos e voltávamos a nos beijar. Aquele havia sido meu primeiro beijo. Perfeito como em contos de fadas, eu pude ouvir sininhos tocando e passarinhos voando ao meu redor. Era ELE o rapaz que eu amava e queria para sempre ao meu lado. Com ele o tempo passava rápido, e toda vez que o via eu sentia o mesmo torpor em meu corpo, como se ele pudesse comandar e cada movimento meu fosse regido pelo os dele. Eu tinha uma ligação enorme com ele o que fazia de cada beijo e cada momento unicamente lindo e especial. Eu o queria sempre comigo e se ele estivesse ao meu lado eu não precisava de mais ninguém. Parecia uma doença incurável um vício , uma sede insaciável. Quanto mais o tinha, mais o queria e eu pensava que era algo recíproco. Ele me fazia pensar , como uma marionete ele me controlava e me dizia o que fazer. Ele era meu Deus que me regia e me modelava a seu gosto. Tudo o que eu sabia tinha aprendido com ele, e tudo o que eu queria era ficar com ele. Quando não estava com ele estava pensando nele, falando nele, com saudades dele ou chorando por ele. Minha vida tinha se transformado em uma pessoa. Depois de alguns meses com ele, meus pais descobriram e não conseguiram entender a profundidade do nosso meu amor. Nos compararam como se fôssemos apenas mais dois jovens adolescentes e inocentes que achavam ter encontrado o primeiro e verdadeiro amor, quando na verdade tudo não passava de um puro capricho da parte do dois, já que eramos diferentes e de familias com um modo de pensar diferentes. Já que eu e ele nunca deveriamos ter ficado juntos. Minha mãe não o achava bom o suficiente pra mim e a mãe dele pensava igual ou pior de mim. Mas, mesmo as escondidas, a gente se relacionava até meu mundo cair.
Até ele se encontrar comigo e dizer que não dava mais para continuar... Até ele desistir de me amar... Até meus pais descobrirem . Até ele dizer que não queria mais me beijar, até meus pais me castigarem , Até ele dizer que tudo o que ele fazia era para o meu bem, até meus pais me levarem ao médico para ver se eu ainda era virgem. Até ele ir para outro estado. Até eu querer me matar , até ele arrumar outra namorada . Até meu corpo estar coberto por cortes , até ele ter um filho com ela. Até eu parar de existir.
Meus pais, e ele nunca vão conseguir entender o que eu sentia. Por que até eu não entendo. Hoje se estivessemos juntos completaríamos três anos e sete meses de namoro, mas como não estamos mais juntos eu completo apenas mais um ano de coração partido, destroçado e amassado. Se ele é feliz? Eu não sei. Mas, um grande escritor uma vez disse:
"Não se deixe entristecer, por nada, nem ninguém"
E é isso que eu venho tentando fazendo. Vivendo um dia após o outro, até enfim ter me livrado do meu vício. Como uma drogada em fase de reabilitação. Quando lembro de nós dois, não me parece ter sido algo real. Um amor como aquele mas, parecia história de livros, ou cenas de filmes. Não consigo acreditar que eu fui capaz de amar alguém como eu o amava. Mas, acho que enfim hoje ele percebeu só hoje. Que eu fui a única primeira pessoa a amá-lo.