Seu texto no blog - O texto de Crys Nayara
Escrito por
Djenifer Dias
Publicado em
São 23:00 pm de
um sábado chuvoso, estou voltando de um verão que passei com a família na
minha cidade natal. Vai ser uma noite longa de viagem, o que me deixa cansada
só de imaginar. Acabo de fazer o check in, meu embarque é daqui uma hora, o que
me resta tempo para tomar um café e continuar a ler o livro que deixei pela
metade, se chama '’Amanhã você vai entender'', da Rebeca Stead. Uma
intrigante e misteriosa história sobre uma garota, Miranda e seu melhor amigo
Saul, a história gira em torno de um bilhete misterioso, que Miranda recebe, o
qual surge rabiscado em um papel, dizendo: ''Estou indo salvar a vida do seu
amigo e a minha. Peço dois favores. Primeiro você precisa me escrever uma
carta'' e se segue ao longo da narrativa, a receber outros bilhetes desse tipo,
o que nos deixa bastante curiosos, e instigados a descobrir o significado que
esses enigmáticos bilhetes trazem. Estou na página 114, o título é: ‘’ Coisas
que não fazem sentido’’. Então começo a
ler e fico totalmente envolvida naquela leitura, meu café já está pela metade,
pego a xícara, e desastrada que sou, derrubo o resto no meu suéter da Zara, e
praguejo algo como: ‘’droga’’, então viro rapidamente para pegar algum guardanapo,
mas antes que eu o faça, vejo uma mão estendida pra mim com um guardanapo e um
meio sorriso no rosto, era um cara de no máximo 22 anos de idade, ele era um
pouco alto, cabelo bagunçado, camiseta xadrez e All star meio surrado, um olhar
de quem guardava algum segredo. Então educadamente com seu timbre de bom
garoto, perguntou se eu precisava de alguma ajuda com meu suéter.
Tecnicamente eu não precisava, mas respondi que sim, então ele me entregou mais
alguns guardanapos, e sem que eu percebesse, estávamos dando risadas
e suspiros, conversávamos sobre sonhos, medos, segredos, tivera sido
a conversa mais profunda, que já tive em toda a minha vida, algo em nossos
olhares se perguntava o porquê de nossas bocas não estarem juntas naquele
momento, nós dois sabíamos que sensação como aquela não se
sentia muitas vezes na vida. Ele me disse que era um
viajante, carregava na sua mochila um livro: A maldição do tigre;
Uma Polaroid, duas Negrescos e várias fotografias, ele disse que gostava de
registrar tudo e ver o resultado na hora, eu sorri e bebi um pouco do resto do
meu café, ele tirou uma foto minha. O que me fez rir mais um pouco, a foto foi
impressa, então ele colocou a data na parte de trás dela, e me entregou,
agradeci com um sorriso, e guardei dentro do meu livro. Interrompendo nossa
conversa, ouço o som estrondeante do alto falante, era o meu voo, eu precisava
ir, sabíamos que se eu fosse, nunca mais nos encontraríamos, uma
grande parte de mim desejava sair viajando pelo mundo junto com ele, mas eu
sabia que precisava ir embora, então me levantei, meu olhar estava tão triste,
sei disso porque, foi o que ele me falou, então logo pego minha bolsa e digo adeus, com uma voz tão
fraca, que por um segundo pensei que ele não tivesse escutado, então ele me dá
um beijo no rosto de mais ou menos 5 segundos, e me solta, eu dou um último olhar pra ele, e vou embora, seguindo
até o portão de embarque. De repente sinto uma mão puxar meu braço tão forte,
que sem perceber solto a minha mochila, ele sussurra algo no meu
ouvido como: ‘’Não faz mas sentido viajar pelo mundo, conhecer uma pessoa como
você e deixar ir embora’’. Meu coração batia tão forte, no decorrer de
cada palavra que saia da boca dele, eu me arrepiava, não consegui me segurar e
deixei uma lágrima cair pelo meu rosto, fora as palavras mais lindas e sinceras
que eu já teria ouvido. Então ele me puxou pra mais perto e nos beijamos, foi
um beijo tão profundo, como se tudo em nossa volta tivesse parado, e todos
precisavam parar para nos observar, era mágico, foi mágico. E por um instante
eu percebi que estava tão envolvida em suas histórias, sorrisos e olhares
que havia me esquecido de perguntar o seu nome, foi então que escuto mais um chamada
para o meu voô, abro o olho e pergunto alto e rápido: ‘’ Desculpe-me esqueci de
perguntar o seu nome’’. De repente olho em minha volta ele não estava lá, meu
rosto estava encostado na página 114 do meu livro e não havia nenhuma foto lá,
meu suéter estava limpo, não havia café derramado, o café permanecia intacto,
olhei pra todos os lados ao meu redor, estava bastante assustada, o alto falante
anunciou a última chamada para o meu voo, peguei minha mochila e sai correndo,
entrei no voo, respirei fundo, e pensei: Um dia pode ser verdade!
Crys Nayara
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