CRÍTICA DO FILME: O LAR DAS CRIANÇAS PECULIARES
Escrito por
Allan Tolentino
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Nossa equipe foi convidada para assistir a um dos filmes mais esperados do ano "O Lar das Crianças Peculiares", dirigido pelo cultuado Tim Burton, que acerta na estética e na abordagem da adaptação.
LIVRE DE SPOILERS
Controlar o ar e fogo, invisibilidade, força anormal e abrigar abelhas... Estas são algumas das habilidades peculiares das crianças do lar da Srta. Peregrine. O filme tem como protagonista um menino desajustado — personagem comum em filmes de Burton — chamado Jake. O garoto tem uma relação muito próxima ao avô, que sempre contara histórias sobre um orfanato para crianças com habilidades especiais do qual fizera parte na juventude. Durante um momento de desestabilização emocional, Jake vai para o País de Gales a fim de descobrir mais sobre tal orfanato, juntamente ao pai, seguindo orientações de sua psicóloga.
No filme, nunca é dito que os personagens possuem poderes, já que eles são como pessoas comuns com algumas habilidades inesperadas, apenas. O roteiro trata bem o desenrolar do conflito central, mas falha ao deixar os personagens um bocado rasos, por não falar de suas histórias anteriores e motivações. As mudanças temporais, junto a esse pouco aprofundamento, podem gerar um pouco de confusão, mas tudo flui bem, já que o universo da obra possibilita a imersão.
Mesmo em seus últimos longas, que tiveram críticas não tão positivas, Tim Burton sempre acerta na estética de seus filmes. Desta vez o filme tem o espírito certo e elementos visuais muito bem trabalhados. Direção de arte e figurinos estão impecáveis. A fotografia explora tons frios e sombrios — como de costume na filmografia do diretor — mas dá a vivacidade certa nos momentos mais radiantes, tendo a composição dos planos muito baseada na sobreposição, fazendo com que a experiência 3D seja válida. Ou seja, em muitos momentos, elementos importantes para o desenrolar do enredo têm destaque na exibição tridimensional.
O ponto alto, em termos de linguagem cinematográfica, é um momento que conta com personagens feitos em animação stop motion integrada à cena em live action. Outro fator interessante também é a trilha sonora, que integra o score (aquelas faixas musicais em segundo plano, que têm como finalidade dar sentimento à ação) aos sons diegéticos, ou seja, presentes na cena.
Tim Burton acertou na adaptação da história escrita por Ransom Riggs, mesmo com as mudanças de personagens e variações no arco do conflito central, em comparação ao livro.
O Lar das Crianças Peculiares, distribuído pela Fox Film do Brasil, estreia nesta quinta-feira, 29 de setembro.
4,5/5