CRÍTICA DO FILME 'A GRANDE MURALHA'
Escrito por
Djenifer Dias
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Em meados do séc XV, William (Matt Damon) e Tovar (Pedro Pascal) – dois mercenários a procura de pó negro (pólvora) – chegam a grande muralha da China. Lá eles são “recebidos” pelo exército Chinês e descobrem que a muralha é a defesa da civilização contra uma quantidade absurda de alienígenas monstruosos.
A direção e montagem impõem um ritmo rápido e constante. Tempo não é perdido com ambientações e familiarizações de personagens e o público é rapidamente colocado dentro da aventura. Mesmo com cenas de ação desde os primeiros minutos, o longa não perde a adrenalina inicial e consegue manter a estabilidade até o fim com o uso dos recursos luminosos e da cultura chinesa.
LIVRE DE SPOILERS
Este talvez seja um dos filmes hollywoodianos atuais com o maior elenco estrangeiro, um ponto que – pelo fato do protagonista (Matt) ser americano - sofreu polemicas ainda antes do lançamento. O diretor chinês Yimou Zhang, no entanto, conseguiu colocar uma mensagem sorrateiramente na trama. Em um filme em que as questões morais, como honra e confiança, são tratadas tão louvavelmente, os únicos personagens que mostram indícios de ganância e traição são os interpretados por atores americanos.
A cultura Chinesa, porém, ganha um tom hollywoodiano ideal. O jogo de cores usado nos figurinos – trajes dos guerreiros - e nos cenários é colorido e cativante. A trilha sonora, composta por Ramin Djewad, foi perfeitamente idealizada, funciona em todos os momentos e consegue transmitir cada cena ainda mais intensamente, em especial as coreografias e organizações de batalha, também muito detalhistas e bem trabalhadas. Exatamente a perfeição que é esperada do povo chinês.
O design dos monstros, apesar de clichê, convence. O ponto fraco foi não haver uma diferenciação visual melhor entre as classes hierárquicas dos aliens. O efeito 3D foi excelentemente bem feito e aproveitado nas cenas certas, sem pecar para o excesso como a maioria dos filmes atuais.
Matt Damon entrega uma atuação consistente e da um show com o manejo de arco e flecha - habilidade que não ainda havia sido vista pelo ator - mas fora isso não inova nem surpreende. Apesar de ser o protagonista quem realmente se destaca é a comandante Lin Mae (Tian Jing). Apesar de ser a única personagem feminina com destaque, ela consegue roubar todas as cenas em que aparece e protagoniza varias cenas de batalhas físicas. Mesmo havendo insinuação de um possível romance em algumas cenas, a relação dos dois é de respeito e admiração e, mais uma vez, Hollywood mostra que uma mulher não precisa de um homem para... bom, para nada.
A química entre Pedro Pascal e Matt Damon é aceitável e as cenas do ator chileno são as que trazem o cômico e deixam o tom mais leve. Willem Dafoe vive Ballard e apesar de ter sido esperado grandes cenas do ator, seu personagem deixa muito a desejar, ele não passa de uma rolha em algumas cenas e não acrescenta absolutamente nada ao roteiro.
No geral o filme tem um ótimo ritmo, uma fotografia belíssima, trilha sonora impecável e uma estória satisfatória. O longa estreia dia 23 de fevereiro nos cinemas brasileiros.
4,5/5