CRÍTICA DO FILME 'QUASE 18' (The Edge of Seventeen)
Escrito por
Unknown
Publicado em
LIVRE DE SPOILERS
E a geração dos millenials ataca outra vez... Depois de Lena Dunham com o premiado seriado Girls da HBO e Josh Thomas com a série Please Like Me (que vem conquistando um bom número de fãs desde que foi disponibilizada na Netflix) é a vez da diretora e roteirista Kelly Fremon contar uma história maravilhosa sobre uma jovem tentando sobreviver a esse período tão conturbado que é a adolescência.
Com o título original de The Edge of Seventeen (em português foi traduzido para Quase 18) a trama gira em torno de Nadine (Hailee Steinfeld), uma adolescente desajustada de 17 anos que tem seu mundo virado de cabeça pra baixo quando seu irmão Darian (Blake Jenner) inicia um romance com sua melhor e única amiga Krista (Haley Lu Richardson).
Dirigido pela estreante Kelly Fremon Craig – que chegou a ganhar alguns prêmios de melhor diretora estreante - o filme possui uma atmosfera bem típica das comédias adolescentes norte americanas, desde a trilha sonora, até a cenografia que remetem a filmes já premiados como Juno e A Mentira. O que realmente faz de The Edge of Seventeen ser tão memorável é a maravilhosa atuação de Hailee Steinfeld e o roteiro ágil de Fremon.
Com um humor bem ácido — os palavrões não são poupados — e personagens extremamente bem desenvolvidos e explorados, o filme desce como uma luva no telespectador sem ser cansativo ou repetitivo. É de extrema importância ressaltar aqui o trabalho da diretora, devido a maneira como esta apresenta os fatos e distribui perfeitamente as cenas, manipulando-nos para que independente das atitudes da protagonista, ainda estejamos do lado dela e defendendo-a (como por exemplo, usar a tática de colocar no início do filme uma cena onde a protagonista está passando por dificuldades, para logo depois voltar no passado e mostrar a infância complicada de Nadine com a presença de bullying e problemas familiares)
Com um humor bem ácido — os palavrões não são poupados — e personagens extremamente bem desenvolvidos e explorados, o filme desce como uma luva no telespectador sem ser cansativo ou repetitivo. É de extrema importância ressaltar aqui o trabalho da diretora, devido a maneira como esta apresenta os fatos e distribui perfeitamente as cenas, manipulando-nos para que independente das atitudes da protagonista, ainda estejamos do lado dela e defendendo-a (como por exemplo, usar a tática de colocar no início do filme uma cena onde a protagonista está passando por dificuldades, para logo depois voltar no passado e mostrar a infância complicada de Nadine com a presença de bullying e problemas familiares)
Como já foi dito, o filme foi feito pra retratar essa nova geração: os millenials. E justamente por isso, Nadine acaba tendo características bem únicas. Além de prepotente, ela também é mimada, manipuladora, egoísta e insiste em achar que o mundo gira ao seu redor e seus problemas são muito mais importantes do que os do resto da humanidade. Falando desse jeito, parece difícil ficar do lado de uma personagem com tantos adjetivos negativos. Mas é aí que entra o roteiro e a direção perfeita de Kelly Fremon: nós entendemos Nadine e criamos compaixão pela garota (diferente da mãe e do irmão, que ela não tem um bom relacionamento). Todas as tramas são distribuídas de maneira sincronizada a ponto de defendermos com unhas dentes a personagem Nadine mesmo não concordando com suas atitudes.
O resto da equipe do longa metragem também não fez feio e criou um ambiente que combina com todas as peculiaridades da história. O contraste nas roupas que a personagem usa no início e no final do filme é memorável. A maneira como ela carregou nas costas curvadas uma mochila e um casaco pesado durante a maior parte do filme, mostrando seu desânimo perante às atividades escolares, e nas cenas finais, carregando uma bolsa menor cruzada no seu corpo e uma malha mais leve, mostra a evolução da personagem e o ânimo perante a situação que esta será colocada. Ou seja, nada ali é por acaso. A trilha sonora por sua vez parece ter sido inspirada em um line-up do Lollapalloza. Por menos original que seja, as letras do Two Door Cinema Club e The 1975 fazem jus as cenas onde estas são depositadas.
Pra finalizar é preciso salientar e ressaltar quantas vezes for necessário a atuação maravilhosa de Hailee Steinfeld. Não é a toa que a jovem atriz foi colocada nas listas de revelações de 2016 e até conquistou uma indicação ao Globo de Ouro de melhor atriz em comédia. Steinfeld parece ter entendido perfeitamente o que lhe foi pedido para a personagem Nadine e se mostra bastante segura numa personagem tão profunda. Pra complementar, Hailee também possui uma química muito boa com Woody Harrelson, que interpreta seu professor de história. Os diálogos entre os dois rendem as melhores cenas do filme e são as que arrancam mais risadas da plateia.
Arrisco dizer que no futuro The Edge of Seventeen vai alcançar o status Cult que 'O clube dos Cinco' e 'Meninas Malvadas' conquistaram. Um filme que não só vale muito a pena ser assistido, como vale a pena ser visto nas telonas do cinema.
Arrisco dizer que no futuro The Edge of Seventeen vai alcançar o status Cult que 'O clube dos Cinco' e 'Meninas Malvadas' conquistaram. Um filme que não só vale muito a pena ser assistido, como vale a pena ser visto nas telonas do cinema.
5/5