SAIBA TUDO QUE VAI ROLAR NO 'Festival Varilux de Cinema Francês 2017'
Escrito por
Viviane Oliveira
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O "Festival Varilux de Cinema Francês" começou nessa quarta-feira (7) e a nossa equipe compareceu na coletiva de imprensa, onde diversos assuntos sobre o cinema francês foram abordados.
Foi no espaço da Aliança Francesa, um dos locais onde ocorrerá também exibições dos longas. Contando com uma grande delegação de atores novos, tanto para o público brasileiro quanto para o próprio público francês, foram representados os filmes "Tal Mãe, tal Filha", "O Filho Uruguaio", "Perdidos em Paris", "Tour de France" e "Na Vertical".
"Tal Mãe, tal filha" é um filme da diretora Noémie Saglio, ela e a atriz Camille Cottin foram convidadas para o festival. A história é sobre Avril e sua mãe Mado. Ambas estão grávidas, mas enquanto a filha tem uma vida estável, a mãe é uma eterna adolescente despreocupada e louca sustentada pela filha. Nossa equipe questionou Saglio e Cottin sobre seus relacionamentos com suas mães, a diretora respondeu que apesar de ter medo de sua mãe poder ficar pouco chateada ela se baseou um pouco nela ao abordar a direção do filme. A atriz que interpreta Avril, de forma muito bem humorada, contou que a mãe sempre foi muito presente durante a infância, mas assim que percebeu que havia concluído a tarefa como mãe decidiu retomar suas coisas e aproveitar a vida.
"O Filho Uruguaio" é do diretor Olivier Peyon que veio acompanhado dos atores Ramzy Bedia e Maria Dupláa. O enredo é sobre Sylvie que encontra seu filho no Uruguai, após ser sequestrado a quatro anos pelo ex-marido. Ela tem o objetivo de recuperá-lo, mas ao chegar lá descobre que a criança parece feliz e radiante. Então ela sobre o choque de que seu filho, Felipe, cresceu sem ela e tem sua vida em outro lugar. Conversamos com a atriz Maria Dupláa e para ela a maior dificuldade na filmagem desse filme foi a diferença de língua. A atriz é argentina e, apesar de dominar o inglês, não tinha conhecimento sobre o francês, assim ela teve que ir para a França aprender um pouco para que pudesse se comunicar com o diretor.
"Perdidos em Paris" é um filme dirigido e protagonizado por Fiona Gordon e Dominique Abel, uma parceria de longa data. Conhecemos nessa história Fiona, uma bibliotecária canadense, que vai até Paris encontrar sua tia Marta. Porém ao chegar la Marta desapareceu e ao lado de Dom, um sem-teto egoísta e sedutor, ela realizará sua busca. É um conto divertido sobre três pessoas peculiares perdidas em Paris. Gordon disse que algo característico da sua personagem é usar uma bandeira do Canadá a bolsa e isso veio da vida real onde sua mãe a aconselhava fazer isso para não ser confundida com uma estadunidense.
"Tour de France" é do diretor Rachid Djaïdani e foi representado no festival pelo ator Sadek. Assim como Sadek o protagonista, Far'Hook é um rapper. Ele sai de Paris por algum tempo e seus produtor, Bilal, propõe a ele que o sbstitua e acompanhe seu pai Serge numa volta pelos portos da França, seguindo os passos do pintor Joseph Vernet. Sadek contou que até pouco tempo nem imaginava sair do sofá para as telas, mas que adorou a experiência, principalmente por atuar com Gerárd Depardieu, quem considera o maior nome da França.
"Na Vertical", de Alain Guiraudie, trouxe o ator Damien Bonnard que interpreta o protagonista. Como o próprio ator disse na coletiva a história é sobre os desafios que Leo passa após a mãe de seu filho abandoná-lo com a criança. Através de encontros inesperados e incomuns o longa apresenta várias camadas que apresentam ao público a natureza, o sexo, o onírico, a velhice, a morte e a complexidade da vida. Apesar de na França esse filme ter classificação indicativa para 13 anos em nosso país ele é indicado apenas para maiores de idade.
Também estava presente o diretor Michel Reihac, responsável pela "Mostra de Realidade Virtual" que conta com oito filmes franceses, incluindo "Viens!" de sua própria direção. Sendo destaque da mostra, é destinado aos maiores de 18 anos. Ao longo de 12 minutos, corpos nus se entrelaçam e interagem. Segundo o próprio diretor é como se fosse uma poesia tântrica a ser observada.
Durante a coletiva para imprensa algumas questões foram colocadas em pauta, como a aversão de Cannes a plataformas como a Netflix. Saglio e o rapper Sadek se mostraram totalmente a favor de outras mídias porque segundo eles o objetivo é que seus trabalhos sejam conhecidos pelo maior número de pessoas, independente de como. Reihac acredita que todas as plataformas podem coexistir, fazendo uma comparação com livros e "e-books" ele disse que há mercado para todos porque há as pessoas que ainda preferem o livro físico pelo prazer de tê-lo, o mesmo acontece com a ida aos cinemas. Para o diretor do festival, Christian Boudier, essa discussão está mais voltada para os filmes independentes, como argumentação ele comentou sobre como os cinemas de ruas estão sendo fechados no Brasil (inclusive um dos que receberá o festival) e assim apenas os "blockbusters" chegam aos espectadores.
O cinema francês é muito forte e faz direta oposição ao domínio de Hollywood. Diante disso tanto os novos diretores quanto os novos atores vem de uma tradição e foram questionados se sentem pressão ou apoio por conta disso. O diretor Olivier Peyon disse que evita o questionamento sobre estar a altura dos grandes nomes do passado, mas sente muito apoio no país para a produção de filmes. Já a diretora Noémie Saglio diz que não sente a pressão da tradição pois antigamente não existiam diretoras então não há com o que comparar, mas isso não quer dizer que ela não sofra preconceito no meio; segundo ela o fato de seus filmes contarem com protagonistas mulheres faz com a credibilidade seja questionada e atores recusem papéis caso sejam para pares românticos dessas mulheres.
É nítido que o cinema francês tem muito a oferecer e agradará desde aquele que adora uma boa comédia até o que ama dramas. Basta apenas dar uma chance e sair da sua zona de conforto. O evento conta com 19 longas ao todo com exibições do dia 7 a 21 de Junho em mais de 55 cidades pelo país.