CRÍTICA DO FILME 'O MÍNIMO PARA VIVER' (TO THE BONE) COM LILY COLLINS
Escrito por
Viviane Oliveira
Publicado em
A Netflix apostou em mais um assunto polêmico entre os jovens e traz uma história sincera sobre distúrbio alimentares em "O Mínimo para viver" (Título original: To the bone).
NÃO POSSUI SPOILERS
A história é sobre uma jovem, Ellen (Lily Collins). Essa garota de 20 anos sofre com a anorexia. Depois de diversas internações e sem nenhuma perspectiva ela conhece o médico William Beckham (Keanu Reeves). Ele tem uma abordagem muito singular do assunto e deixa claro que o tratamento depende unicamente da vontade do paciente de aceitar ajuda. Então, Ellen é internada em uma casa com outros jovens que sofrem distúrbios alimentares e passa por uma jornada de aceitação.
Depois do sucesso "13 Reasons Why" é impossível não haver comparação, já que ambos são assuntos polêmicos. Para a diretora e cineasta Marti Noxon, que baseou-se em sua luta contra anorexia que durou 10 anos, há uma expectativa de que as pessoas sejam conscientizadas que é algo muito pessoal e que pode ser difícil para alguém assistir. Apesar disso, diferente da série, não há romantização do tema. Os distúrbios alimentares são tratados de forma muito real, mas sem focar nas causas e sim em suas consequências.
Lily Collins, até então conhecida por papéis em comédias românicas ou pequenas participações, brilhou durante o longa. A atriz, que também sofreu com o mesmo distúrbio alimentar de sua personagem, teve que emagrecer bastante para o papel. Collins explicou a importância da personagem para sua própria recuperação e disse que recebeu elogios por sua aparência, foi então que entendeu porque casos de anorexia continuam acontecendo. A mãe da atriz ao ver o filme ficou bastante emocionada por ver na personagem um drama que a filha passou.
Keanu Reeves aproveita sua habilidade em ser inexpressivo em um papel que pede isso. Seu personagem com maneiras nada ortodoxas deixa claro algo importante sobre os pacientes: não importa o apoio da família, não importa que os profissionais se esforcem se a pessoa que sobre com o distúrbio alimentar não decidir aceitar ajuda.
A família de Ellen tem uma configuração caótica: um pai ausente, a mãe Judy (Lili Taylor) que mora com a esposa em outro estado, a madrasta Susan (Carrie Preston), que culpa a mãe de Eli pelo quadro da garota e sua meia-irmã Kelly (Liana Liberato), a única com quem tem um bom relacionamento. É notório o desespero que eles se encontram ao não saber lidar e como o quadro dela afetou a vida de todos. A cena mais triste é a de Collins com Taylor pois ali há uma mãe que aceita que a filha morra se aquilo for o que ela realmente quer.
Apesar de não ser o enfoque do filme, é abordada a romantização do tema em sites como o Tumblr. Lá as pessoas consomem todos os tipos de informação e algumas pessoas que sofrem esses distúrbios são tidas como modelos a serem seguidos. É claro que não deve haver uma retaliação a essas pessoas, mas reforça a responsabilidade ao disponibilizar algo para acesso livre e rápido como é na internet.
O que mais incomodou na construção do filme foi não aprofundar a história dos personagens secundários. Apesar de terem apresentados pessoas que tinham diferentes dramas específicos, não houve uma exploração satisfatória deles, impossibilitando conexão do público. Além disso, o romance entre Ellen e Luke (Alex Sharp) tirou o foco dos acontecimentos.
O desfecho da história é aberto, deixamos claro desde já, e não há forma melhor. Para alguém que sofre com o distúrbio alimentar há uma luta diária. Isso é o que a maioria das pessoas tem dificuldade em compreender e elas anseiam por um final feliz. Apenas uma coisa é certeza: coisas ruins acontecerão, não há como evitar. O que importa é como lidamos com elas.
3,5/5