CRÍTICA DO FILME 'MÃE!' COM JENNIFER LAWRENCE
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Unknown
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A tranquilidade da vida de um casal que vive no meio do nada é abalada quando desconhecidos chegam em sua casa sem serem convidados.
Vaiado e aplaudido no Festival de Veneza, Mãe! é um filme que divide. O termo “ame ou odeie” se encaixa aqui, pois se trata de uma obra tão impactante e ousada que dificilmente irá agradar a todos. O mesmo já se inicia com uma narrativa instigante, apresentando imagens dos personagens centrais e deixando as explicações a cargo do espectador.
LIVRE DE SPOILERS
A ambientação junto à construção do suspense e do terror psicológico é muito bem feita. A atmosfera do filme é construída com precisão, criando um clima de estranheza e desconforto que pairam no ar o tempo todo. O som ambiente é frequente e bem utilizado, criando um tom certeiro. A sonoplastia é caprichada e mais presente que a trilha sonora. Além disso, há uma estranheza cômica no ar. Por exemplo, cenas tensas, mas que por conta de um diálogo ou olhar o espectador acaba rindo involuntariamente, geralmente por ser uma situação surreal demais. Esses “alívios cômicos”, se é que podemos chamar assim, são bem pontuados e não estragam a imersão de quem está assistindo ou soam bobos.
As atuações estão excelentes, Jennifer Lawrence se entrega completamente como a protagonista e impressiona. Ela é o fio condutor da trama, sua performance começa contida, mas vai crescendo muito e consegue carregar bem a história. Além de conseguimos sentir com clareza todo o desconforto e aflição da personagem. Javier Bardem também tem uma interpretação irretocável no papel de marido. Ed Harris e Michelle Pfeiffer são coadjuvantes se peso.
Darren Aronofsky não perde o controle da direção em momento algum. Ele conduz a história com mão firme e ainda faz com que o espectador se sinta dentro da história. Os vários closes e sequências em que a câmera fica colada aos atores deixam quem assiste tão aflito quanto os personagens. O roteiro que também é de Aronofsky vai construindo a história e o clima com maestria.
Darren Aronofsky não perde o controle da direção em momento algum. Ele conduz a história com mão firme e ainda faz com que o espectador se sinta dentro da história. Os vários closes e sequências em que a câmera fica colada aos atores deixam quem assiste tão aflito quanto os personagens. O roteiro que também é de Aronofsky vai construindo a história e o clima com maestria.
Um dos maiores trunfos do longa é ser totalmente imprevisível. O primeiro ato é mais lento e constrói a trama aos poucos, a tensão vai aumentando e a história se torna cada vez mais interessante.
Mãe! é visceral e impressionante, choca em diversos momentos, principalmente a partir do climax, e é repleto de cenas agonizantes, complexas e cheias de metáforas.É difícil decifrar todas as entrelinhas assistindo apenas uma vez.
Há várias discussões e simbolismos que apresentam diversas vertentes da humanidade de forma provocadora e bizarra. Não é possível falar muito sobre esses aspectos sem passar spoilers, o que estragaria a experiência incrível que esse filme te faz passar, então só o que podemos dizer é que essas alusões te fazem viajar insanamente! Há inclusive muitas insinuações bíblicas, como Caim e Abel, a morte de Jesus, santa ceia, Adão e Eva no paraíso, sendo um mais perturbador que o outro. Todas essas referências tem o objetivo de exemplificar facetas da humanidade.
Boa parte dos elementos utilizados na trama são subjetivos, o que é ótimo, pois abre espaço para a imaginação do espectador trabalhar.
O que é possível perceber é que este filme quer falar sobre a humanidade. O egocentrismo humano, paixões, medos, relações, fanatismo, paranoias e como costumamos corromper as coisas boas e puras. Aliás, um detalhe importante é que os personagens não possuem nomes, então suas personalidades podem ilustrar qualquer indivíduo.
Mãe! é um filme cheio de aflição e desconforto, e consegue ser deslumbrante e marcante na mesma proporção. É impossível não ficar impactado com as impressionantes sequências finais, as inúmeras possibilidades de interpretação e a forma profunda e artística que a história é trabalhada. A complexidade toma conta e conversa com o espectador nas estrelinhas, não entregando nada mastigado ou de forma preguiçosa.
Vá assistir preparado para as teorias, discussões nas rodinhas de amigos e principalmente para sair do cinema desnorteado.
O longa estreia dia 21 de setembro.
5/5