"Não é um terror, não é um suspense, mas vai ferrar a sua mente”, diz Aronofsky sobre Mãe!
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foto: Agência Febre / Mauricio Santana
O diretor falou bastante sobre o processo de criação de Mãe!, sua filmografia e a relação de Jennifer Lawrence com a personagem.
Entre as várias interpretações que o filme pode gerar, Darren comentou que um dos pontos mais importantes é a preservação ambiental. Ele disse que a história usa metáforas de como as pessoas tratam o planeta e que a personagem de Lawrence traz a perspectiva da Terra e de como seria a sua reação diante de tanta exploração e descuido.
Aliás, o diretor elogiou bastante a atriz, comentando que ela respondeu bem ao material de imediato, e que mesmo a produção sendo muito diferente do que ela costuma fazer, Jennifer reconheceu a importância da história, e também a relação com causas em que acredita, como o feminismo.
“Ela se conectou muito rápido ao papel”, completou.
Sobre o filme ser incomum, Aronofsky disse que esse tipo de obra é difícil de vender por não ser um filme de gênero.
“O trailer deveria dizer, esse não é um filme de terror, não é um suspense, mas vai ferrar a sua mente”, brincou.
Ele completou dizendo que sabe que o filme é diferente, mas que acha que o público também quer ver algo distinto nas telas e que essa é a forma correta de vender o filme, para quem quer ver algo fora do comum.
Uma das perguntas que surgiram foi sobre Darren sempre ter filmes controversos, e como no caso de Mãe!, ser essencial que o espectador embarque na história, além da forma que o diretor lida com a divisão do público.
“Claro que você sempre quer que o público ame o seu trabalho, mas nós sempre soubemos que o filme seria agressivo, intenso e iria dividir, e sabíamos que algumas pessoas iam gostar e outras iriam querer nos socar de volta. Então eu acho que as pessoas que realmente gostaram por completo, entendem que o meu estilo é assim, agressivo.”
Darren Aronofsky também revelou que o primeiro esboço do roteiro foi feito em 5 dias, e que ele queria uma contar uma história universal, ao mesmo tempo que fosse íntima sobre a maternidade e se resumisse a um ambiente pequeno, no caso a casa.
“Queria contar uma história em que pessoas daqui pudessem entender, assim como alguém de Nova York, por exemplo.”
Além disso, ele comentou que com Mãe! ele queria criar uma relação entre a ansiedade de ter um hóspede e um pesadelo, principalmente porque todos entendem a aflição de ter sua casa e privacidade invadidas.
foto: Agência Febre / Mauricio Santana
Além disso, Aronofsky comentou sobre a personalidade de suas obras, e sobre a relação intrínseca com cada trabalho.
“Eu sempre me coloco em meus filmes. Eu era a bailarina de Cisne Negro, eu era o lutador em O Lutador, eu era o conquistador em Fonte da Vida, eu era o mago da matemática em Pi, mas nunca era totalmente eu e sim uma parte minha que eu colocava em um personagem. Eu acho que nesse filme eu estou mais conectado com a história de Jennifer, mas também existem elementos que coloquei no personagem de Javier Bardem”, contou.
Sobre sua relação com os grandes estúdios na hora de fazer um filme autoral, o diretor disse que o importante é o equilíbrio e ter um orçamento suficiente para um bom elenco.Quando questionado sobre o líquido amarelo que a personagem de Jennifer Lawrence toma durante o filme, o diretor brincou e disse que responderia a qualquer coisa, menos isso.
“Vou levar essa resposta para o meu túmulo”, comentou dando risada.
Darren falou sobre o processo de produção, a casa teve que ser construída duas vezes e sofreu diversas alterações conforme ia se desgastando na trama. Segundo ele o mais difícil de gravar foram os 25 minutos finais, que levaram cerca de 20 dias de filmagem. Ele também disse que queria passar ao espectador a sensação de estar preso à casa durante as duas horas de filme.
O diretor também revelou que o está por trás do filme é a esperança, e a mensagem que temos que cuidar do planeta,
“eu acho que mesmo que você olhe nos lugares mais escuros, você ainda pode ver a luz”, concluiu.