EM "O DESTINO DE UMA NAÇÃO" CHURCHILL PASSA DE PIADA A GRANDE LÍDER
Escrito por
Viviane Oliveira
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A Universal Pictures começa seu ano com O Destino de Uma Nação, novo longa de Joe Wright, que tem positivas chances no Oscar 2018. O Acidamente Sensível assistiu e traz para vocês o que esperar.
NÃO POSSUI SPOILERS
Durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler já tinha invadido a Tchecoslováquia, a Polônia, a Dinamarca, a Noruega e estava pronto para conquistar o resto da Europa. Enquanto isso, o Parlamento britânico tinha perdido sua fé em seu líder, Neville Chamberlain (Ronald Pickup) e a busca por um sucessor foi iniciada. Apesar de não ser a primeira opção, Winston Churchill (Gary Oldman) obteve o cargo e teve que lidar com a pressão por um tratado de paz com a Alemanha nazista e tramas internas de seu próprio partido.
A história do longa se passa no mês de Maio de 1940, quando em três semanas a oratória de um homem teve mais peso que armas. Apesar de ser decisivo para o futuro da Guerra, Churchill em nenhum momento foi retratado como um homem de certezas e foram as suas dúvidas que possibilitaram com que tivesse uma visão mais ampla de toda a situação. Ano passado, Dunkirk impressionou o público e com o longa de Wright é possível ter uma breve noção dos bastidores da "Operação Dínamo", responsável pelo resgate de mais de 300 mil soldados.
Com grandes chances de indicação ao Oscar, Gary Oldman aparece irreconhecível na pele do primeiro ministro britânico. Não só pela aparência, mas também por sua fala arrastada, o humor sarcástico e único e todo seu trabalho corporal. Apesar da notória qualidade, ele foi indicado apenas uma vez ao maior prêmio do cinema - pelo filme O espião que sabia demais, 2011 - mas, com essa atuação, a indicação é quase certa.
No elenco de apoio temos a carismática Lily James, que dá vida a secretária do primeiro ministro e representa uma visão externa de toda a questão; Kristin Scott Tomas é Clementine Churchill, aquela que dá suporte para um homem que dedicou a vida a questões públicas e sempre o traz para a realidade; Ben Mendelsohn representou um Rei Jorge VI polido e já recuperado de seus problemas com gagueira, apesar do pouco tempo em tela, sua presença foi decisiva para a abordagem tomada por Churchill; Ronald Pickup deu vida a um Neville Chamberlain cansado e pouco esperançoso quanto ao seu futuro e de seu país; Stephen Dillane com sua atuação consegue fazer uma sólida oposição a guerra até o último instante como Conde Halifax.
A preocupação com os detalhes visuais é impecável, principalmente quanto a maquiagem de Oldman. O incrível trabalho é uma obra do maquiador Kazuhiro Tsuji que já demonstrou seu talento em Hellboy, Planeta dos Macacos e O Grinch. Os figurinos de Jacqueline Durran complementam a imersão do público na década de 1940.
Como a maioria das adaptações biográficas, há uma certa romantização que apela para o emocional do público mas, felizmente, isso deu-se de forma muito sutil e pode mostrar as imperfeições e como complexo Churchill era. É difícil entender como ele foi desacreditado no passado e como foi eleito pela BBC o maior britânico de todos os tempos mas, depois de ver o poder que carregava em suas palavras, vemos que uma caneta e um papel são as maiores armas de um líder.
Nota: 4/5
Distribuição: Universal Studios
Lançamento: 11/01/2018