'PRIMEIRO BAILARINO' DA HBO MOSTRA A VIDA DO PRIMEIRO BAILARINO DA 'ROYAL BALLET DE LONDRES'
Escrito por
Lais Alves
Publicado em
O brasileiro Thiago Soares
Para entender melhor,
primeiramente é necessário saber que a Royal Ballet é a primeira e mais
importante companhia de ballet do Reino Unido. Renomada internacionalmente, a
escola clássica iniciou suas atividades em 1931 e se mantém como uma das mais
relevantes companhias. Estruturada, principalmente, por seis núcleos de
dançarinos, a Royal Ballet possui (de maneira mais coloquial) um ranking que
começa por “artista”, evoluindo sucessivamente para “primeiro artista”, “solista”,
“primeiro bailarino” – posição conquistada por Thiago – artista principal e,
por fim, o maior posto denominado “principal”.
O documentário enfatiza o lado cru
e carnal do brasileiro, deixando de lado as circunstancias que levaram o
bailarino ao seu atual posto, focando principalmente em sua árdua rotina durante
os ensaios, antes e depois das apresentações de Thiago – que demonstra da sua
forma mais sincera a paixão por sua profissão, seja de forma singela ou mesmo
quando a menciona de forma explicita.
A presença dos bastidores
consegue transmitir um lado humanizado do bailarino, menos idealizado, em meio à
frustrações e conquistas que percorrem seu trajeto ou na companhia em Londres como também na
execução de seu primeiro espetáculo solo em terras brasileiras – onde Thiago se
apresenta em algumas cidades, incluindo seu estado natal, para comemorar seus
15 anos de carreira internacional.
A forma escolhida para acompanhar o bailarino em suas apresentações – onde a visão da coxia é usada repetidamente – reforça a ideia de uma intimidade, instaurando um aspecto pessoal à medida que vamos acompanhando as etapas de Thiago em que a produção nos permite presenciar privilegiadamente. Com uma simultaneidade de planos abertos e fechados, a direção consegue captar a essência das coreografias e dos bailarinos ali presentes, não deixando de lado o instrumento principal do dançarino: o seu corpo – onde muitas vezes toma o lugar de fala para o brasileiro.
Separado por capítulos, o
documentário divide essas etapas de maneira mais específica – focando em algum reportório
ou em algum momento pessoal, como demonstrado em “dor” – mas que em dados
momentos acaba se por tornar confuso, misturando alguns elementos como se
fossem simultâneos, acabando por mesclar o todo ao invés de estabelecer algo
mais linear. Essa escolha, que talvez seja um dos poucos pontos negativos a se
ressaltar, acaba por acrescentar a figura da intensidade daquilo tudo que é
vivido por Thiago.
Embora seja autocentrado na figura
de Thiago, ‘Primeiro Bailarino’ pode ser considerado um introdutor a quem não
tem acesso à dança e o que engloba seu universo, de forma honesta – mas também servindo
de deleite aos apaixonados que, assim como o mesmo, sabem que todo aquele trabalho
árduo, a dor e suor, valem por aquele breve momento que define seu amor, o
palco – independente de onde se estabeleça.