Você merece alguém
Escrito por
Isadora Bispo
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Pelo quase. Quando o universo pareceu ter te entregado o que sempre pediste e então como quem muda de ideia rápido demais simplesmente achou que bom mesmo era dar mais alguns passos pra trás. Quando o amor disse "oi", mas então o adeus, que não aceita perder de ninguém resolveu dar um "oi" também. Pelo tempo que perdeu tentando provar o quão interessante era sua playlist do Spotify ou como todas as recordações incríveis das viagens que fez por aí nem cabem mais dentro da caixa. Por todas as horas com o coração na mão esperando os dois tiques azuis na conversa ou o "digitando..." tão raro à essa altura do campeonato. Por você, que pensou já ter esgotado todas as oportunidades e usado cada uma das chances extras também. Que já chega imaginando o modo como vão ir embora. Porque eles sempre vão.
Por você, de quando chorou lendo aquele poema que pareceu se encaixar tão bem em cada parte sua ou daquele mês de abril em que tudo começou tão bem antes de desmoronar que você pôde até sentir a sintonia perto o bastante pra te fazer tentar um pouco mais. Quando aquele sorriso pareceu querer ficar no outro dia. Quando você quis que ele ficasse, mas aí ele parou de sorrir. Por todas as vezes que seu coração pareceu quebrar de tantas tentativas falhas ou quando ponderou a possibilidade de fechar a porta de uma vez por todas, pra quem sabe evitar visitas apressadas. Pra todas as vezes que você se perguntou pra onde eles vão com tanta pressa. Por que vão com tanta pressa quando você só pediu calma?
Por você, que já viu tantas idas que pensa ser feito de passagens. Que ainda se lembra do cheiro fraco do perfume mesmo quando ele começa a desbotar e ainda escuta o som da risada como uma música que repete no fone de ouvido por dias seguidos. Por todas as vezes que se perguntou porquê o desapego parece nunca ter feito parte do seu repertório ou o que é preciso pra mudar isso o mais rápido possível. Pra você que ainda acredita nas palavras bonitas mesmo que não as tenha escutado tanto quanto gostaria, que já disse muitas delas e mesmo assim o silêncio veio como resposta despretensiosa. Por cada choro contido, por todas as vezes que a garganta fechou e pareceu nunca passar e por cada pensamento que teimou em ir embora.