Crítica | "Os Incríveis 2" retorna mais divertido, porém não supera seu antecessor
Escrito por
Lais Alves
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Quando Helena Pêra é chamada para voltar a lutar contra o crime como a super-heroína Mulher-Elástica, cabe ao seu marido, Roberto, a tarefa de cuidar das crianças, especialmente o bebê Zezé. O que ele não esperava era que o caçula da família também tivesse superpoderes, que surgem sem qualquer controle.
Apesar da sequência continuar exatamente nos eventos finais do filme interior, encontramos a família Pêra em um roteiro mais maduro, no qual ganham foco os temas de caráter pessoal – e arquétipos sociais, não funcionando apenas como esquetes. Brad Bird, roteirista e diretor de ambos os filme, toma a liberdade de se aprofundar nas relações pessoais das personagens já conhecidas, entretanto ao invés de procurar uma dramaticidade maior no decorrer da animação, a objetividade é segura e consequentemente percorre um caminho raso e clichê.
As subtramas acabam com mais relevância e interesse que a trama central – que ainda assim diverte o seu público e entrega um filme agradável, especialmente pra quem é familiarizado com o seu predecessor. Mesmo que a proposta seja o foco na família Pêra, apesar de a Mulher-Elástica tomar frente desta vez, agora essas questões cotidianas enfim se elevam ao seu argumento central, onde a relação entre Mulher-Elástica e Senhor Incrível torna-se desprezível, resultando em um filme onde as crianças ganham o holofote, tendo a missão de, em suas pequenas cenas, trazer a leveza necessária para as duas horas de duração da animação – que ocasionalmente sofre com seu tempo rítmico.
O fator nostálgico se torna um aliado ao filme para criar uma simpatia com o que está sendo retratado, onde a empatia já está presente logo em seus minutos iniciais. Porém, após anos de espera por esta sequência, a trama deveria se elevar a essa questão. A dublagem brasileira – no qual novamente trás um ótimo trabalho – acaba por evidenciar, sem ter a intenção, a importância dessa relação entre público e personagens, onde em uma frase sucinta de uma personagem pequena mas de relevância cômica, fica evidente a falta de um universo incrível por si só, não unicamente por suas personagens. A essência da franquia está lá, mas a falta de inovação, especialmente por seu vilão, não trouxe o crescimento necessário e esperado. Os Incríveis 2 ainda é divertido, talvez mais que o primeiro, mas não conseguiu usar sua fórmula de maneira inovadora novamente – não superando o anterior. Retornando ao artifício da dublagem, a Disney consegue novamente ser certeira em seu trabalho, com uma comicidade precisa nos assuntos populares e gírias brasileiras.
Um dos fatores de amadurecimento interessante na diferença do tempo dos filmes certamente ficou em seu aspecto gráfico, trazendo um deslumbre visual, onde a execução do projeto ganha uma estética aprimorada, com texturas e um acabamento formidável. Em questões técnicas, a produção é concisa em reviver e inovar naquele universo sem mudar o que está inerente à sua estética. Ainda dentro deste tópico – aliado na direção, as cenas de ação, ainda mais quando se trata de Zezé, são um dos pontos fortes, mais intensas e divertidas, trazendo funcionalidade ao todo.
Em uma das poucas oportunidades em expandir seu universo além da família Pêra, através das personagens novas, essa proposta não entra em pauta. Esse desvio traria uma dimensão de um universo maior, mas resultaria num risco que, evidentemente, não é a intenção.
Embora proporcione a sensação de que de trata da mesma historia mas de uma maneira diferente, justamente por desperdiçar o potencial de crescimento por não tomar riscos, Os Incríveis 2 obtêm sucesso novamente, apesar de seus erros. Ainda é divertido e consegue superar suas dificuldades pela empatia conquistada facilmente com o público, especialmente por suas personagens queridas – e que retornam novamente ainda mais aguçada, a animação aproveita e revive o que tem de melhor e tudo o que uma família com super poderes pode proporcionar em um universo cômico e dinâmico.
Nota: 3/5
Distribuição: Disney
Estreia: 28/06