Thor: Amor e Trovão | Confira o que achamos do filme sem spoilers
Escrito por
Djenifer Dias
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Recheado de amor, trovão e rock, o filme é uma evolução de Thor Ragnarok e traz uma aventura empolgante e divertida do começo ao fim sobre o olhar inovador de Taika Waititi
Por Pedro Godoy*
Podemos de fato definir que existem duas versões do Deus do Trovão no universo cinematográfico da Marvel, o antes e depois de Taika Waititi assumir o projeto. Muito se discute se essa é a melhor abordagem que o herói merece, alguns desejam que ele fosse mais sombrio e sério como nos primeiros filmes, mas a verdade é que o diretor desconstruiu a imagem que tínhamos do Thor. Mudando completamente de tom, o terceiro filme definiu uma nova abordagem e trouxe à tona o que de melhor o Chris Hemsworth poderia oferecer ao MCU: Um dos personagens mais marcantes e carismáticos da história da indústria de filmes de super heróis.
Após os eventos de Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, o futuro do herói ainda era incerto, mas após o anúncio que Natalie Portman voltaria ao papel de Jane Foster para o quarto longa metragem, como a Poderosa Thor, uma expectativa enorme foi gerada. E ela foi cumprida e entregue com um filme que se estabelece como uma das mais engraçadas e divertidas histórias que Kevin Feige já produziu.
Marvel / Divulgação |
Ao sermos retirados dessa loucura atual que a Marvel está produzindo com as várias histórias sobre o multiverso, temos uma sensação de alívio ao ver uma produção que não envolve nada mais complexo do que uma avalanche de piadas e momentos divertidos. É curioso pensar que o terceiro longa metragem do herói trouxe tanta novidade para esse universo, e em Amor e Trovão podemos admirar uma bela evolução estética do seu antecessor, sobre o olhar único do seu diretor. Mas ao se tornar mais agradável visualmente com referências aos anos 80 e ao Hard Rock, o filme acabou se desprendendo em fazer uma história em que fosse focado no desenvolvimento principal da trama.
Partindo para a trilha sonora, ela é com certeza uma das melhores coisas da produção. Para os fãs de Guns N´ Roses (e também para aqueles que não conheciam tão bem a banda) o filme é um prato cheio de momentos emocionantes orquestrados pela voz inesquecível de Axl Rose. É impossível não se empolgar, você vai sair da sala de cinema querendo escutar a playlist inteira. O sentimento que a trilha sonora passa é o que o próprio Axl Rose fala na música Sweet Child O'Mine: “Ela me leva para aquele lugar especial”.
Na questão narrativa, parece que o filme acaba perdendo um desenvolvimento de trama coerente com as situações impostas. A história é de longe ruim ou entediante, muito pelo contrário, ao nos apresentar novamente a doutora Jane Foster (Natalie Portman) como a Poderosa Thor, o longa ganha um peso emocional ao mostrar sua história com o martelo Mjolnir, no qual é com ele que ela recebe seus poderes e se salva (temporariamente) do seu câncer em fase terminal. A volta da atriz ao MCU corrigiu os erros que o estúdio tinha feito ao não aproveitar do potencial dela, mas agora, é apresentado um arco bem trabalhado e emocionante da sua jornada como heroína, entregando boas cenas e demonstrando o carinho que Taika Waititi teve ao decidir o propósito dela na história.
Ao introduzir um ator tão renomado como Christian Bale para o MCU, é fato que esperávamos uma história em que favorecesse sua atuação marcante, e isso de fato acontece com o vilão Gorr, o Carniceiro dos Deuses. É apresentado uma estética bem diferente do restante dos personagens, um olhar mais sombrio e de terror para marcar os momentos do vilão em uma atuação fantástica do ator. O quarto longa do Deus do Trovão não perde força em nenhum arco emocional dos seus personagens, mas peca ao esquecer da sua história principal.
Marvel / Divulgação |
É fato que esse herói tem uma história trabalhada por muito tempo, e que já conseguimos ver diversas facetas dele, seja ele como um guerreiro sem carisma nenhum, uma fase mais sombria e agora com que se parece sua versão definitiva. Com arcos em momentos distintos, vimos o herói enfrentar diversos vilões, inclusive a depressão. Nesse quarto filme, o personagem traz para a história uma reflexão sobre entender onde ele deve se encaixar daqui para frente, como olhar para nós mesmo pode ser tão importante quanto salvar o mundo, e isso só reforça com o final do longa.
Parece estranho ver tantos arcos bem trabalhados nesse filme e o que é menos bem executado é sua história principal. Isso se deve pelo ritmo intenso em que as coisas acontecem, não dando tempo para você respirar e absorver o que aconteceu. O que acaba deixando uma sensação de “quero mais”, pois por mais que tenha por volta de duas horas, o sentimento de falta de aprofundamento em temas como câncer e questionamento sobre a própria fé, são deixados de lado.
A assinatura do Universo Cinematográfico da Marvel é evidente, seja com suas piadas clássicas ou com cenas de ações que parecem que vieram de uma página de quadrinhos. E mesmo que seja um filme que siga seus padrões anteriores, ele não deixa de emocionar pela química fenomenal que Thor, Poderosa Thor, Valquiria (Tessa Thompson) e Korg (Taika Waititi), possuem entre si. No final das contas, o filme se assemelha muito à uma comédia romântica de super-heróis, e isso é incrível por si só.
Engraçado, divertido e emocionante, Thor: Amor e Trovão é surpreendentemente um dos filmes mais divertidos que o MCU já produziu. Mostrando que esse universo tem espaço e deve reservar produções com olhares mais autorais, deixando assim seus trabalhos ainda mais pessoais e únicos. Uma evolução de Thor: Ragnarok, o quarto filme mostra que o exagero e a breguice nunca é demais, e que o amor fez essa história se tornar uma das melhores produções dessa fase quatro da Marvel.
Nota: 4/5
Estreia: 7/7
Distribuição: Marvel
*Crítica escrita pelo colaborador: Pedro Henrique A. Godoy, podcaster do Nerd Box.