Já assistimos "Desapega", nova comédia brasileira estrelada por Maisa e Glória Pires
Quem nunca caiu na tentação de uma liquidação ou tem mania de comprar várias coisas que não precisa? A nova produção de Hsu Chien (Ninguém Entra, Ninguém Sai; Me Tira Da Mira) conta a história de Rita (Glória Pires), uma compradora compulsiva que assume a liderança de um grupo de apoio às pessoas com o mesmo problema que ela. Ao travar a batalha de controlar seu vício, Rita ainda sofre ao ter que aceitar o intercâmbio de 3 anos para Chicago (EUA) de sua filha Maria Eduarda, personagem interpretada por Maisa.
O filme traz uma comédia familiar muito gostosa e fácil de assistir. Nele, é possível identificar três arcos: a dinâmica do grupo de apoio comandado pela personagem de Glória; o namoro entre Duda e Guto e a dificuldade de ter que viver um possível relacionamento à distância, além da recente paixão entre Rita e Otávio (Marcos Pasquim), também compulsivo e integrante do grupo. O longa constrói bem as três histórias e cada personagem, mas funciona melhor ainda quando se encontram no meio da narrativa. Um ênfase para a relação de trabalho entre Otávio e Guto, duas gerações diferentes que se chocam ao serem colocadas no mesmo ambiente profissional. As interações entre os dois personagens tem um toque divertido e ainda cabe espaço para uma crítica sobre o descarte de profissionais mais velhos, substituídos pelos mais jovens.
Porém, o grande destaque fica para a dinâmica do grupo de compulsivos e a naturalidade na qual as cenas parecem correr. Em coletiva de imprensa, os atores comentaram que as gravações foram realizadas durante a pandemia e que chegaram a ensaiar cenas por Zoom. Por isso, a fluidez que observamos em cada interação é realmente algo à parte. Os personagens caricatos e o jogo de câmera conseguem cativar o telespectador e, aqueles que já assistiram ao filme Toc Toc (2017), podem perceber similaridades ao longo da comédia brasileira que, apesar de tratar a doença com uma certa diversão de mais e responsabilidade de menos, acerta no riso frouxo de quem assiste.
O diretor Hsu Chien surpreendeu ao confessar que o filme foi inspirado em sua própria história. Ele revelou que além de comprador compulsivo, também é acumulador: “Aí ferrou! Sou as duas coisas, não consigo me desfazer de nada. Eu falei ‘preciso fazer uma história sobre isso”. Hsu ainda revela que fazer o filme durante a pandemia ganhou um outro significado para ele: “Trancados em casa, nós olhamos ao redor e vimos o que de fato é importante na nossa vida ou o que precisamos para viver. O filme foi sobre se reinventar, sobre reaprender a lidar com as coisas que realmente são essenciais para a gente”.
Nota: 4,5/5
Estreia: 9 de fevereiro