Estes são os riscos de emagrecer rápido demais com o uso de Ozempic e soroterapia
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Redação Acidamente Sensível
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Pensando nisso, especialistas explicam os riscos de uma perda de peso acelerada e usando métodos não recomendáveis:
Apesar de uma perda rápida de peso sempre chamar a nossa atenção, trazendo a preocupação de ter sido resultado de dietas restritivas ou outras estratégias potencialmente danosas à saúde; este nem sempre é o caso.
Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em endocrinologia e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) comenta que acontece especialmente quando a pessoa parte de um peso inicial muito alto e vinha de uma rotina muito ruim com alimentação desregrada, com direito a excesso de refrigerante e bebida alcoólica, e sedentarismo. 7
“Na verdade, muitos estudos apontam que uma boa perda de peso logo no início do tratamento é um excelente marcador de que a estratégia alimentar e, se for o caso, medicamentosa estão corretas e que esse paciente tem um potencial maior de ter uma melhor perda de peso no médio a longo prazo. É claro que para isso é fundamental que ela mantenha os bons hábitos que a ajudaram a perder peso. É claro que isso não se aplica a dietas ‘malucas’ e excessivamente restritivas que, além de poderem provocar problemas de saúde que vão desde deficiências nutricionais a transtornos alimentares, normalmente são abandonadas em pouco tempo levando ao reganho de peso”, argumenta Tostes.
Guilherme Renke (@endocrinorenke), sócio fundador do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), endocrinologista e médico do esporte, mestre em cardiologia pontua que a perda de peso rápida gera várias alterações metabólicas, redução de hormônio tireoidiano T-três, faz com que haja uma queda do metabolismo, pois o organismo entra num estado de reserva para poupar nutrientes, e isso reduz a taxa metabólica basal, a queima calórica diária e não é favorável para manutenção do metabolismo, pois até lentifica a perda de peso.
Além disso, essa restrição faz com que haja um efeito catabólico no músculo, então passa-se a perder muita massa muscular. Por isso que a gente não recomenda as perdas rápidas de peso, recomendamos treinamento de força com musculação, normalmente associado com uma dieta restritiva num período de tempo que estipulamos idealmente de três a doze meses dependendo do paciente, associado com acompanhamento do educador físico, nutricionista e do tratamento médico em si.
Guilherme expõe que o tratamento com soroterapia não gera perda de peso. De acordo com ele, o tratamento com a soroterapia pode trazer a reposição de algumas vitaminas e minerais que podem ser facilitadas pelo uso injetável, para pacientes que fazem uma restrição alimentar muito grande durante um período muito longo, ou pacientes que fazem cirurgias bariátricas e usam medicamentos que geram muito efeito anorexígeno.
O especialista defende ser contra uso da soroterapia para emagrecimento, e sim favorável ao uso para cobrir déficits nutricionais e auxiliar o paciente a não ter queda da imunidade.
“Esse é o ponto, é necessário deixar muito claro de que a soroterapia não gera perda de peso e emagrecimento. Ela pode favorecer e ajudar em casos de déficits, esse é o ponto que tem que ser muito bem colocado”, complementa.
Tostes concorda ao dizer que a soroterapia nem é aplicada para perda de peso. Ela é justamente útil para corrigir deficiências nutricionais que podem afetar pessoas que estejam acima do peso ou não e que com isso podem ter queixas como fadiga, por exemplo.
No dia 2 de janeiro de 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária liberou no Brasil a utilização da substância injetável semaglutida (2,4mg), para o tratamento da obesidade, com aplicação uma vez por semana. O hormônio, já é usado no tratamento do Diabetes tipo 2, porém em menor dosagem. Ele age no corpo de uma forma que manda sinais de saciedade para o cérebro.
O médico atuante em endocrinologia diz que quando vemos alguém que perdeu peso ter algum problema de saúde, normalmente isso está ligado ao que foi feito nesse processo - dietas com restrição de nutrientes podem causar por exemplo queda de cabelo até perda de movimento de membros, mas não necessariamente ligado ao uso da medicação.
Em relação ao Ozempic, se um paciente perde bastante peso com o uso, na verdade é um sinal de que ele é um bom respondedor a essa medicação e por isso ele teve uma boa redução de apetite, boa redução da vontade de comer e consequentemente se adequa mais ao plano alimentar que foi orientado a fazer. Então ele cumpriu melhor a dieta e por isso ele teve uma perda de peso maior num curto espaço de tempo.
Alexandre Lucidi (@alucidi), médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia aponta que estudos entre gêmeos mostraram que fatores genéticos podem ter contribuição de 40% da variação no índice de massa corpórea (IMC), entretanto a herdabilidade observada entre famílias entre alguns estudos é de aproximadamente, 20%.
No entanto, apesar da herdabilidade relativamente alta, a busca por genes de suscetibilidade à obesidade é uma tarefa difícil. O progresso foi lento e o sucesso limitado. Apesar do sucesso recente dos últimos estudos, a identificação de genes nos últimos 15 anos foi baseada em duas abordagens epidemiológicas genéticas- genes candidatos e estudos de associação genômica.
A obesidade é influenciada por uma complexa interação entre o ambiente, a predisposição genética e o comportamento humano. Há evidências crescentes sobre a genética e a obesidade. No entanto, apesar dos estudos, ainda existem lacunas importantes no conhecimento. O emagrecimento seguro, efetivo e consistente vem dotado de um acompanhamento que engloba o paciente como um todo e de forma integrativa, promovendo mudanças sistêmicas e identificando os reais gatilhos mentais, físicos, emocionais e sociais que levam o ato de comer. O ganho de peso acontece pelo superávit calórico, quando o consumo energético é maior que o gasto energético total (GET).
Em contrapartida, o emagrecimento acontece quando há déficit calórico, ou seja, quando o consumo energético é menor que GET. E isso não significa realizar dietas restritivas, mas mudanças de hábitos, incluindo alimentos com alto valor nutricional com baixa e alta densidade energética, aponta Nemesis.
Um plano alimentar adequado tem a finalidade de promover saciedade, estimular a mastigação, mudar o comportamento alimentar e as crenças que impedem o indivíduo de emagrecer. Muitos pacientes têm medo de comer alimento X ou Y, por medo de engordar.
Em todas as refeições devem conter: boas fontes de carboidratos (complexos), fibra alimentar, proteína e boas fontes de gordura. Este conjunto oferta diferentes elementos que promovem a saciedade.
Como exemplo, consumir iogurte natural sem adição de açúcares (alimento de baixa densidade energética e alto valor nutricional) associado a uma colher de sopa de semente de chia (alimento de baixa densidade energética e alto valor nutricional) e 20g de mix de castanhas (alimento de alta densidade energética e alto valor nutricional).
Vale lembrar que nenhum alimento de forma isolada tem o poder de emagrecer ou engordar. Deve-se incentivar além das mudanças acima citadas a prática de atividade física regular (para aumento da massa muscular), o manejo do estresse e a rotina de sono. Nos meus atendimentos costumo olhar para o paciente, ajudando ele a criar uma rotina mais viável para conseguir mudanças efetivas e constantes. O nutricionista tem um grande papel na vida do paciente, por isso deve estar atento e realizar uma boa anamnese alimentar, procurando entender a rotina e o estilo de vida do cliente e assim elaborar um tratamento efetivo e possível.
Quem deu as informações? Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em endocrinologia e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais);Guilherme Renke (@endocrinorenke), sócio fundador do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), endocrinologista e médico do esporte, mestre em cardiologia; Alexandre Lucidi (@alucidi) - médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia; Nemesis Monteiro, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais), e especialista em emagrecimento funcional aliado à reprogramação mental para mulheres e Higor Caldato (@drhigorcaldato), médico psiquiatra e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), especialista em psicoterapias e transtornos alimentares.2>
Afinal, quais os riscos da perda de peso acelerada?
Apesar de uma perda rápida de peso sempre chamar a nossa atenção, trazendo a preocupação de ter sido resultado de dietas restritivas ou outras estratégias potencialmente danosas à saúde; este nem sempre é o caso.
Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em endocrinologia e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) comenta que acontece especialmente quando a pessoa parte de um peso inicial muito alto e vinha de uma rotina muito ruim com alimentação desregrada, com direito a excesso de refrigerante e bebida alcoólica, e sedentarismo. 7
“Na verdade, muitos estudos apontam que uma boa perda de peso logo no início do tratamento é um excelente marcador de que a estratégia alimentar e, se for o caso, medicamentosa estão corretas e que esse paciente tem um potencial maior de ter uma melhor perda de peso no médio a longo prazo. É claro que para isso é fundamental que ela mantenha os bons hábitos que a ajudaram a perder peso. É claro que isso não se aplica a dietas ‘malucas’ e excessivamente restritivas que, além de poderem provocar problemas de saúde que vão desde deficiências nutricionais a transtornos alimentares, normalmente são abandonadas em pouco tempo levando ao reganho de peso”, argumenta Tostes.
Guilherme Renke (@endocrinorenke), sócio fundador do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), endocrinologista e médico do esporte, mestre em cardiologia pontua que a perda de peso rápida gera várias alterações metabólicas, redução de hormônio tireoidiano T-três, faz com que haja uma queda do metabolismo, pois o organismo entra num estado de reserva para poupar nutrientes, e isso reduz a taxa metabólica basal, a queima calórica diária e não é favorável para manutenção do metabolismo, pois até lentifica a perda de peso.
Além disso, essa restrição faz com que haja um efeito catabólico no músculo, então passa-se a perder muita massa muscular. Por isso que a gente não recomenda as perdas rápidas de peso, recomendamos treinamento de força com musculação, normalmente associado com uma dieta restritiva num período de tempo que estipulamos idealmente de três a doze meses dependendo do paciente, associado com acompanhamento do educador físico, nutricionista e do tratamento médico em si.
Como a soroterapia ajuda nestes casos?
Guilherme expõe que o tratamento com soroterapia não gera perda de peso. De acordo com ele, o tratamento com a soroterapia pode trazer a reposição de algumas vitaminas e minerais que podem ser facilitadas pelo uso injetável, para pacientes que fazem uma restrição alimentar muito grande durante um período muito longo, ou pacientes que fazem cirurgias bariátricas e usam medicamentos que geram muito efeito anorexígeno.
O especialista defende ser contra uso da soroterapia para emagrecimento, e sim favorável ao uso para cobrir déficits nutricionais e auxiliar o paciente a não ter queda da imunidade.
“Esse é o ponto, é necessário deixar muito claro de que a soroterapia não gera perda de peso e emagrecimento. Ela pode favorecer e ajudar em casos de déficits, esse é o ponto que tem que ser muito bem colocado”, complementa.
Tostes concorda ao dizer que a soroterapia nem é aplicada para perda de peso. Ela é justamente útil para corrigir deficiências nutricionais que podem afetar pessoas que estejam acima do peso ou não e que com isso podem ter queixas como fadiga, por exemplo.
O uso da polêmica caneta do emagrecimento
No dia 2 de janeiro de 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária liberou no Brasil a utilização da substância injetável semaglutida (2,4mg), para o tratamento da obesidade, com aplicação uma vez por semana. O hormônio, já é usado no tratamento do Diabetes tipo 2, porém em menor dosagem. Ele age no corpo de uma forma que manda sinais de saciedade para o cérebro.
O médico atuante em endocrinologia diz que quando vemos alguém que perdeu peso ter algum problema de saúde, normalmente isso está ligado ao que foi feito nesse processo - dietas com restrição de nutrientes podem causar por exemplo queda de cabelo até perda de movimento de membros, mas não necessariamente ligado ao uso da medicação.
Em relação ao Ozempic, se um paciente perde bastante peso com o uso, na verdade é um sinal de que ele é um bom respondedor a essa medicação e por isso ele teve uma boa redução de apetite, boa redução da vontade de comer e consequentemente se adequa mais ao plano alimentar que foi orientado a fazer. Então ele cumpriu melhor a dieta e por isso ele teve uma perda de peso maior num curto espaço de tempo.
A relação da genética com o sobrepeso
Alexandre Lucidi (@alucidi), médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia aponta que estudos entre gêmeos mostraram que fatores genéticos podem ter contribuição de 40% da variação no índice de massa corpórea (IMC), entretanto a herdabilidade observada entre famílias entre alguns estudos é de aproximadamente, 20%.
No entanto, apesar da herdabilidade relativamente alta, a busca por genes de suscetibilidade à obesidade é uma tarefa difícil. O progresso foi lento e o sucesso limitado. Apesar do sucesso recente dos últimos estudos, a identificação de genes nos últimos 15 anos foi baseada em duas abordagens epidemiológicas genéticas- genes candidatos e estudos de associação genômica.
A obesidade é influenciada por uma complexa interação entre o ambiente, a predisposição genética e o comportamento humano. Há evidências crescentes sobre a genética e a obesidade. No entanto, apesar dos estudos, ainda existem lacunas importantes no conhecimento. O emagrecimento seguro, efetivo e consistente vem dotado de um acompanhamento que engloba o paciente como um todo e de forma integrativa, promovendo mudanças sistêmicas e identificando os reais gatilhos mentais, físicos, emocionais e sociais que levam o ato de comer. O ganho de peso acontece pelo superávit calórico, quando o consumo energético é maior que o gasto energético total (GET).
Em contrapartida, o emagrecimento acontece quando há déficit calórico, ou seja, quando o consumo energético é menor que GET. E isso não significa realizar dietas restritivas, mas mudanças de hábitos, incluindo alimentos com alto valor nutricional com baixa e alta densidade energética, aponta Nemesis.
Um plano alimentar adequado tem a finalidade de promover saciedade, estimular a mastigação, mudar o comportamento alimentar e as crenças que impedem o indivíduo de emagrecer. Muitos pacientes têm medo de comer alimento X ou Y, por medo de engordar.
Em todas as refeições devem conter: boas fontes de carboidratos (complexos), fibra alimentar, proteína e boas fontes de gordura. Este conjunto oferta diferentes elementos que promovem a saciedade.
Como exemplo, consumir iogurte natural sem adição de açúcares (alimento de baixa densidade energética e alto valor nutricional) associado a uma colher de sopa de semente de chia (alimento de baixa densidade energética e alto valor nutricional) e 20g de mix de castanhas (alimento de alta densidade energética e alto valor nutricional).
Vale lembrar que nenhum alimento de forma isolada tem o poder de emagrecer ou engordar. Deve-se incentivar além das mudanças acima citadas a prática de atividade física regular (para aumento da massa muscular), o manejo do estresse e a rotina de sono. Nos meus atendimentos costumo olhar para o paciente, ajudando ele a criar uma rotina mais viável para conseguir mudanças efetivas e constantes. O nutricionista tem um grande papel na vida do paciente, por isso deve estar atento e realizar uma boa anamnese alimentar, procurando entender a rotina e o estilo de vida do cliente e assim elaborar um tratamento efetivo e possível.
Quem deu as informações? Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em endocrinologia e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais);Guilherme Renke (@endocrinorenke), sócio fundador do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), endocrinologista e médico do esporte, mestre em cardiologia; Alexandre Lucidi (@alucidi) - médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia; Nemesis Monteiro, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais), e especialista em emagrecimento funcional aliado à reprogramação mental para mulheres e Higor Caldato (@drhigorcaldato), médico psiquiatra e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), especialista em psicoterapias e transtornos alimentares.2>