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Eu pensei muito se eu traria para a coluna esse assunto, mas depois, cheguei na conclusão que se eu passei por isso, com certeza, deve ter mais gente passando também. Então, pelo bem do 'você não tá sozinha nessa', vamos lá!
Há muito anos atrás, quando eu ainda estava na escola, conheci um rapazinho que eu nem dava muito bola. Ele era da minha sala e eu nunca gostei de me envolver com pessoas assim tão próximas. Porém, quando a escola acabou, continuamos amigos e, daí, quase do nada, começou 'algo a mais'.
Idas ao cinema, pizza em casa e, nessa brincadeira toda, eu fiquei dez anos sem ter e tendo um 'relacionamento'. As pessoas mais próximas não entendiam bem o que a gente tinha, e, na real? Nem a gente. Não tinha sido algo combinado, ou roteirizado, só tinha, simplesmente, acontecido. Um encontro emendou o outro, e a gente meio que se acostumou a sempre que estava solteiro se encontrar.
Acho que, por muito tempo, um foi a muleta do outro. E tudo bem. Mas, algumas coisas, me incomodavam nessa 'relação'. Eu achava que ele não era atencioso o suficiente, e, toda vez, que ele ia embora eu ficava bem abalada. Durante esses anos todos, eu gostei de outros caras, me relacionei com outras pessoas, mas ele sempre 'tava' ali, meio de stand by. Isso virou até piada na terapia, meu psicólogo disse: "parece que ele fica sentado na cadeirinha esperando você voltar, Djenifer". Mas, era meio isso mesmo.
Ele sempre 'tava' ali.
Eu não sei explicar o que houve, e, por que, somente após 10 anos eu percebi que a relação que eu sempre achei que me fazia bem, me fazia mal.
No fundo, eu não queria algo sem compromisso. Eu queria algo de verdade, mas me enganei nesse tempo todo que estava bom como era. Mas, não estava. Eu aceitei a migalha de relacionamento que eu tinha, porque achava que era o que dava pra ser. Eu sabia que a gente tinha muitos motivos pra dar errado, caso tivéssemos algo de verdade, mas, mesmo assim, era o que eu queria. E eu fiquei uma década me dizendo o contrário.
A idade avançando, e a terapia fazendo efeito, eu cheguei na conclusão que eu simplesmente não queria mais.
Percebi que sempre o amei, percebi que ele não me fazia bem, e tive uma conversa honesta sobre os meus sentimentos. Quando eu falei como me sentia, ele disse: "me desculpa, nunca quis te magoar". Mas, não era culpa dele, sabe? Ele nunca havia feito nada.
Ele cumpriu o 'combinado', ele era ótimo no que era pra ser. Era eu quem queria mais, era pra mim que não estava bom. Então, ao invés, de tentar fazer ele se adequar a mim - o que eu tentei fazer em dez anos e não deu certo - eu decidi, pela primeira vez, dar um passo atrás.
A pandemia nos ajudou a ficarmos afastados, e quando ela passou, eu engatei dois curtos relacionamentos que também contribuíram para o nosso afastamento. Mesmo assim, ainda conversávamos com certa frequência e brincávamos como seria quando nos reencontrássemos.
Mas, esse 'reencontro' nunca mais vai acontecer. Pelo menos, não de um jeito 'romântico'.

Eu percebi que deixar ele acontecer seria voltar para o meu ciclo autodestrutivo onde ele tem tudo o que quer e eu não. E tá tudo bem, sabe?
Essa não é uma história triste. Tivemos muitos momentos felizes, nos divertimos muito e ele me rendeu o meu relacionamento mais longo, talvez, por nunca ter sido um.
Eu ainda o amo, e acho que, na real, nunca vou deixar de amar. Ele fez parte de mim por tanto tempo, que sempre vai estar aqui.
Eu fico feliz por ter conseguido me afastar sem apagar o que tinha de bom, e hoje, posso lembrar dele com um sorriso no rosto e um arrepio de desejo bom, sabe?
Espero que eu encontre alguém que me queira assim também - ou até mais. E que ele seja feliz. Que tenha o amor que merece e consiga valorizar isso.
Eu sei que essa não vai ser a última vez que vou escrever sobre ele, afinal, ele me ensinou a sentir tantos sentimentos diferentes e únicos que vai demorar para eu conseguir colocar todos eles para fora.
E você, que leu até aqui, espero que esse grande desabafo te sirva de inspiração para rever todas as suas relações e a aprender a estabelecer seus próprios limites, será que realmente te faz bem? Ou você se acostumou a aceitar menos por no fundo saber que é o máximo que você vai ter?
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