'O Exorcista - O Devoto' é um filme repleto de boas intenções que não foram bem executadas
Fazer uma sequência de um filme é uma tarefa é tanto, agora, some isso ao fato do filme em questão ser um ícone que revolucionou o gênero do terror. No entanto, David Gordon Green parece não ter medo desse desafio.
Depois de ter trazido a franquia Slasher com Jamie Lee Curtis de volta a telonas com três novos filmes Halloween (2018), Halloween Kills (2021) e Halloween Ends (2022), o cineasta criou confiança o bastante para tentar mergulhar no universo daquele que segundo suas próprias palavras é “o Santo Graal” dos filmes de Terror: O Exorcista (1973).
Essa nova versão, acompanha Victor Fielding (Leslie Odom Jr.) um fotógrafo que cria sozinho a filha depois de perder a esposa tragicamente em um terremoto em Porto Principe, Haiti. Depois de sua filha Angela (Lidya Jewett) e sua amiga Katherine (Olivia O’Nell) desaparecem na floresta e voltarem após três dias sem nenhuma lembrança do que lhes aconteceu, Angela começa a apresentar um comportamento totalmente atípico que deixa Victor aflito.
Até que sua vizinha, a enfermeira Ann (Ann Dowd), lhe entrega um livro cuja a autora Chris MacNeil (Ellen Burstyn) teve uma experiência semelhante à de Victor com sua filha, o que faz com que ele vá de encontro a Chris em busca de ajuda.
Se no clássico de William Friedkin vemos gradativamente a transição de Regan de criança perfeitamente saudável para totalmente possuída, nesse, temos exatamente o oposto, ele meramente mostra vestígios do que costumava ser a vida cotidiana das garotas.
O grande potencial do filme que o torna instigante é o fato dele mostrar o exorcismo sob a perspectiva de outras religiões incluindo algumas de matriz africanas, assim como o 2º filme de 1977, dirigido por John Boorman.
Seu início já nos apresenta essa intenção quando nos mostra uma cena da esposa grávida de Victor sendo convidada por uma criança para um lugar onde ela recebe uma benção para sua bebê que está por vir. No entanto, essa intenção acaba sendo ofuscada pelo roteiro e montagem do longa, que dá essa diversidade religiosa em pequenas doses.
Apesar do nome, seu personagem principal não é nenhum crente convicto de qualquer religião. O que torna um contraponto interessante devido a dualidade das famílias das duas garotas - já que a família de Katherine é formada por pais frequentadores assíduos da igreja.
O roteiro do filme não se preocupa em aprofundar tão bem os personagens, ele apresenta a ponta do iceberg que cada indivíduo é sem dar importância para o que está a baixo da superfície. O próprio plot que transforma Victor de alguém cético à alguém disposto a tentar organizar um exorcismo em sua sala é raso, não ocorre nenhuma cena impactante o suficiente para justificar essa mudança abrupta do personagem.
A participação de Ellen Burstyn, que tinha tudo para ser grandiosa e um dos pontos fortes do filme, acaba sendo tão pequena e pouco conexa que só traz um acalento pela nostalgia de vê-la de novo depois de tantos anos. O envolvimento de Chris com a trama acaba parecendo mais uma obrigação do que um compromisso de livre e espontânea vontade.
O Exorcismo - O Devoto é repleto de boas intenções, porém sua construção final acaba deixando a desejar.
Distribuição: Universal Pictures
Nota: 2,5/5
Estreia: 12/10