O terror no Brasil virou mainstream e não tem mais espaço para ‘nerdolas’
Escrito por
João Paulo Caires
Publicado em
A HORROR EXPO 23 foi palco de encontros e debates sobre as novas formas que a indústria do terror encontra para manter seus fiéis seguidores cada vez mais apaixonados pelos lançamentos de novos projetos e pela continuação de sagas clássicas ao mesmo tempo que retoma elementos do terror vintage.
Uma das atrações mais esperadas neste ano foi o neto de Ed e Lorraine Warren, o casal mais famoso do terror atual, Chris McKinnell. Em sua segunda participação no evento, estava acompanhado de uma réplica da boneca Annabelle, de quem ele se diz ser praticamente irmão,o neto dos Warren, que realiza o mesmo trabalho dos avós e viaja o mundo contando suas experiências sobrenaturais, diz que apesar das brincadeiras que faz em relação à boneca, ela transformou sua infância em um verdadeiro inferno.
Mas que ela, nem de longe, é a pior coisa que seus avós tinham em casa, ele comentou brevemente sobre a lápide de uma criança de 12 anos que eles guardavam no que hoje conhecemos como o ‘museu dos Warren’ que continham um mal muito pior que aquele que supostamente habita na famosa boneca.
“Os filmes [Invocação do Mal e derivados] são pura fantasia. Nós não aprendemos nada com eles”, admite McKinnell. Mesmo assim, a trama ao redor dos longas foi uma aposta de sucesso de James Wan. A franquia já arrecadou mais de US$2 bilhões em bilheteria ao redor do mundo e conta com 8 filmes entre a saga ‘Invocação do Mal’, ‘Annabelle’ e ‘A Freira’.
Nem o apagão causado pelas fortes chuvas que atingiram a cidade de São Paulo na sexta-feira (03) foi capaz de desanimar os amantes do terror que adoram se vestir de suas personagens preferidas. Quem passou pela HORROR EXPO 23 não teve como não prestar atenção nos cosplayers que participaram da competição de cosplay que rolou por lá. Eles roubaram a cena. Do Michael Myers dançando ao som de ‘Baby One More Time’, da Britney Spears ao Negan de ‘The Walking Dead’, a feira teve de tudo.
Numa das rodas de conversa do evento, Marcelo Carrard, do Cinema Ferox, fez questão de destacar que o filme de terror que garante 1º lugar em seu coração é o filme italiano “Terror nas Trevas”, de 1981. Marcelo lembrou aqueles que acompanhavam a conversa que o cinema italiano é dono de clássicos do gênero que influenciaram gerações de diretores como Martin Scorsese, Tim Burton e Quentin Tarantino.
Na conversa, Carrard estava acompanhado pelo Marcelo Milici, do portal Boca do Inferno, que também tem em seu coração outro clássico dos anos 80, “O Lobisomem Americano em Londres”, de John Landis. Eles se disseram contentes pelo fato das produções atuais, não apenas de terror, voltarem a trazer consigo elementos dos filmes do horror de antigamente.
“Temos Stranger Things, V/H/S/85, Mulher Maravilha - 1984. Os anos 80 sempre voltam, porque não tínhamos celular. O nosso único recurso para fugir de um assassino seria correr”, brinca Milici.
Apesar dessa seção de saudosismo e nostalgia que muitas pessoas valorizam no terror vintage, Fernando Brito, curador da Versátil Home Vídeo, pesquisador e crítico de cinema, chama atenção para a necessidade de não fazer simplesmente uma cópia de clássicos. “Se tem um bom diretor, ele consegue fazer uma coisa legal. Ele consegue colocar uma voz própria”. Mas ele também acredita que não há nada de errado em fazer um terror que misture elementos da atualidade com os clássicos, muito pelo contrário. Muitos filmes dialogam muito bem com questões contemporâneas e a isso a crítica dá o nome de ‘zeitgeist’, o espírito do tempo. “A questão é você fazer um filme de terror que diga algo, que não seja só mais uma firula. Um pastel de vento”.
O pesquisador recomenda o filme “Babadook”, terror australiano que conta a história de uma mãe solo que lida com ansiedade de criar um filho sozinha, claro, com uma dose de terror psicológico e sobrenatural adicionado a isso tudo. Já fica a dica para a próxima seção terror.
Para o crítico, o terror se tornou mainstream e as pessoas têm cada vez mais prazer em falar que gostam do gênero. Parte do público da indústria do terror mudou e não aceita mais a misoginia, a objetificação da mulher, o preconceito ao mesmo tempo que ainda há uma parcela de pessoas, a quem alguns críticos chamam de ‘nerdolas’, que são mais ‘reacionários’, e que criticam as obras que insiram algum tipo de questão social em sua narrativa. Para essas pessoas não há mais espaço no mercado.
“Os filmes [Invocação do Mal e derivados] são pura fantasia. Nós não aprendemos nada com eles”, admite McKinnell. Mesmo assim, a trama ao redor dos longas foi uma aposta de sucesso de James Wan. A franquia já arrecadou mais de US$2 bilhões em bilheteria ao redor do mundo e conta com 8 filmes entre a saga ‘Invocação do Mal’, ‘Annabelle’ e ‘A Freira’.
Nem o apagão causado pelas fortes chuvas que atingiram a cidade de São Paulo na sexta-feira (03) foi capaz de desanimar os amantes do terror que adoram se vestir de suas personagens preferidas. Quem passou pela HORROR EXPO 23 não teve como não prestar atenção nos cosplayers que participaram da competição de cosplay que rolou por lá. Eles roubaram a cena. Do Michael Myers dançando ao som de ‘Baby One More Time’, da Britney Spears ao Negan de ‘The Walking Dead’, a feira teve de tudo.
Numa das rodas de conversa do evento, Marcelo Carrard, do Cinema Ferox, fez questão de destacar que o filme de terror que garante 1º lugar em seu coração é o filme italiano “Terror nas Trevas”, de 1981. Marcelo lembrou aqueles que acompanhavam a conversa que o cinema italiano é dono de clássicos do gênero que influenciaram gerações de diretores como Martin Scorsese, Tim Burton e Quentin Tarantino.
Na conversa, Carrard estava acompanhado pelo Marcelo Milici, do portal Boca do Inferno, que também tem em seu coração outro clássico dos anos 80, “O Lobisomem Americano em Londres”, de John Landis. Eles se disseram contentes pelo fato das produções atuais, não apenas de terror, voltarem a trazer consigo elementos dos filmes do horror de antigamente.
“Temos Stranger Things, V/H/S/85, Mulher Maravilha - 1984. Os anos 80 sempre voltam, porque não tínhamos celular. O nosso único recurso para fugir de um assassino seria correr”, brinca Milici.
Apesar dessa seção de saudosismo e nostalgia que muitas pessoas valorizam no terror vintage, Fernando Brito, curador da Versátil Home Vídeo, pesquisador e crítico de cinema, chama atenção para a necessidade de não fazer simplesmente uma cópia de clássicos. “Se tem um bom diretor, ele consegue fazer uma coisa legal. Ele consegue colocar uma voz própria”. Mas ele também acredita que não há nada de errado em fazer um terror que misture elementos da atualidade com os clássicos, muito pelo contrário. Muitos filmes dialogam muito bem com questões contemporâneas e a isso a crítica dá o nome de ‘zeitgeist’, o espírito do tempo. “A questão é você fazer um filme de terror que diga algo, que não seja só mais uma firula. Um pastel de vento”.
O pesquisador recomenda o filme “Babadook”, terror australiano que conta a história de uma mãe solo que lida com ansiedade de criar um filho sozinha, claro, com uma dose de terror psicológico e sobrenatural adicionado a isso tudo. Já fica a dica para a próxima seção terror.
Para o crítico, o terror se tornou mainstream e as pessoas têm cada vez mais prazer em falar que gostam do gênero. Parte do público da indústria do terror mudou e não aceita mais a misoginia, a objetificação da mulher, o preconceito ao mesmo tempo que ainda há uma parcela de pessoas, a quem alguns críticos chamam de ‘nerdolas’, que são mais ‘reacionários’, e que criticam as obras que insiram algum tipo de questão social em sua narrativa. Para essas pessoas não há mais espaço no mercado.