Filme "Argylle: O Superespião" com Henry Cavill é previsível e entediante
Escrito por
Redação Acidamente Sensível
Publicado em
O que acontece em Argylle é exatamente isso, o que pensávamos que poderia ter sido o filme é muito mais divertido e empolgante do que realmente vemos em tela. O filme é o mais novo projeto de Matthew Vaughn, que brilhou ao trazer uma abordagem de espionagem inovadora em Kingsman: Serviço Secreto. Mas, infelizmente, o raio não caiu duas vezes no mesmo lugar.
É interessante contar um pouco do ótimo marketing do filme, que consistia em mostrar que Argylle era uma história de espionagem estrelada por Henry Cavill, como se fosse uma paródia mais bem humorada dos clássicos filmes de 007 e Missão Impossível. Conforme o elenco foi sendo montado, com a adição da Dua Lipa em uma das suas estreias nas telonas, tudo em volta do longa foi criando mais e mais expectativas, como a informação que seria um filme baseado no livro de Elly Conway, que por mais que tentassem entrevistar ela, não dava nenhum sinal de vida. Mas, é após o primeiro trailer ser lançado que foi revelada a grande mentira do marketing: Argylle é um filme da história de Elly, a própria autora, que aqui é interpretada por Bryce Dallas Howard. Uma escritora que se excluiu do mundo e que atualmente está no seu quarto livro da sua série de espionagem. No momento em que ela está quase finalizando sua última história, Elly se envolve em uma trama de espiões de verdade e descobre que sua vida talvez nunca tenha sido o que imaginava.
Tudo é genérico, e talvez esse não seria um ponto negativo caso o filme fosse tão inovador igual ao seu marketing, mas não é o caso. Toda história que gira em volta de Elly é interessante somente por volta de meia hora de filme, pois o fôlego que ele consegue manter no início se perde para um encerramento preguiçoso e sem carisma nenhum. Além disso, os problemas do longa vão além do que somente uma história sem sal, é preciso falar da falta de aproveitamento de vários potenciais desperdiçados. O próprio personagem do Henry Cavill é entediante, muito por conta de uma das primeiras coisas que entendemos do trailer é que a figura principal seria o ator, mas não. Ele até que aparece bastante, só que em cenas curtíssimas e com diálogos desnecessários e sem nexo.
Todo carisma do filme é carregado por Sam Rockwell, que interpreta um espião chamado Aiden que é encarregado de cuidar de Elly. É com ele que as cenas de ações funcionam, a comédia, desdobramento da história e até os momentos em que filme traz uma paródia de outras franquias de espionagem. Já os demais, como o Samuel L. Jackson, John Cena, Bryce Dallas Howard, Bryan Cranston e o próprio Henry Cavill, não convencem e em até certos momentos se tornam irritantes. O problema não é a atuação caricata, até porque o intuito do filme é esse, o que acaba não funcionando é a os potenciais desperdiçados mesmo. É como se os atores não estivessem em sincronia com o roteiro e com o que está acontecendo com o filme. Se em Kingsman todos que estavam em cena conversavam com suas personalidades, aqui em Argylle nada é convincente e inspirador. Para não dizer que o filme não possui nenhuma qualidade, os pontos de positivos seriam as cenas de lutas que são bem coreografadas, o contraste entre ficção e realidade, e o carisma de Sam Rockwell. Não é preciso comentar da trilha sonora do filme, pois é tão esquecível que mesmo na hora que você está assistindo, você não vai lembrar de nenhuma nota.
O problema real de Argylle: O Superespião é o roteiro mal estruturado e ambicioso demais, pois se olharmos para o quadro ao todo, o filme possui um bom elenco, um bom diretor e uma ideia diferente, mas que mesmo assim o resultado é extremamente genérico. Tudo que acontece, principalmente na segunda metade, é cansativo. Acredito que sim, no papel o longa tinha um potencial enorme para ser uma aventura interessantíssima e que fugisse da mesmice, mesmo que usando os clichês do gênero, mas infelizmente não é o que acontece aqui. Desde o momento que começou, até o momento em que terminou o filme, o sentimento é que tudo poderia ter sido melhor, como as atuações e a comédia, mas ao mergulharem de cabeça em um roteiro raso, toda a ideia inicial e o marketing espetacular não serviram de nada. Se acreditamos que expectativa frustrada é ruim, pode ter certeza que em Argylle: O Superespião, é a melhor qualidade.
Nota: 2/5
Escrito por: Pedro Godoy