Por que as pessoas são sempre essa grande decepção?
Escrito por
Djenifer Dias
Publicado em
Isso acontece, é claro, porque eu tenho grandes mecanismos de defesa que criam paredes gigantes para eu nunca me deixar levar antes de ter certeza da reciprocidade. Seja para amizades ou relacionamentos afetivos. E, mesmo assim, as pessoas sempre dão um jeitinho de quebrarem o meu coração (insira aqui risos desconfortáveis).
Atualmente, eu me sinto exausta e completamente decepcionada com as pessoas ao meu redor. Eu fico em dúvida se o problema sou eu, que talvez fique criando expectativas irreais, ou se simplesmente, eu deveria me fechar numa bolha e nunca mais tentar ter nenhum tipo de relação com ninguém. O meu sentimento predominante é que ninguém nunca consegue me satisfazer, não completamente. Sempre está faltando alguma coisa…
Ao mesmo tempo, eu não gosto de ser a pessoa que vive constantemente reclamando e pedindo por mais. Então, eu me fecho e fico estranha. Ou tento abrir um diálogo para que a outra parte entenda o que está rolando, inclusive, foi por isso que eu comecei a escrever esse texto. Fui questionar um amigo sobre qual tipo de amizade ele queria ter comigo, eu fiz isso porque não ando feliz com a nossa relação e não queria ser a chata que fica “cobrando”, a resposta dele foi “você não consegue ter uma amizade sem ficar questionando as coisas todo dia não?”.
Se eu fosse respondê-lo com sinceridade, eu diria um gigante: não. Talvez, pelo meu daddy issues que criou uma grande sensação de rejeição ou talvez por alguma alteração na química do meu cérebro, eu sempre questiono tudo e mais, sempre acho que estou desagradando, sendo chata ou que a pessoa não gosta de mim do mesmo jeito. Pequenos sinais da outra parte me fazem fomentar ainda mais esse sentimento, e, é por isso, que eu tento conversar sobre o assunto.
Esse tipo de questionamento me faz sentir chata, doida, insegura e amarga. Me coloco a refletir sobre os motivos pelos quais eu ando sentindo que a nossa amizade já não me faz tão bem, e sinceramente, eu não consigo achar que estou errada. O fato é que eu sinto que em todas as minhas relações, sejam românticas ou não, eu sempre sou a que se doa mais.
Eu não consigo ser pouco, eu sempre sou muito. No momento de vida que estou agora, eu espero o mesmo de quem está comigo. E sei que isso pode ser uma expectativa irreal, afinal, tem gente que não tem “esse muito” para oferecer - e outros, simplesmente, não querem. E é esse o meu dilema com a amizade acima citada. Ele não é assim comigo por que não sabe ser de outro jeito ou por que não quer?
Já tive vontade de abrir um debate sobre o assunto, mas a ideia de parecer que eu estou o forçando a ser diferente me faz recuar e começar a questioná-lo “por que somos amigos, afinal?”, essa pergunta é basicamente o fantasma da nossa amizade, já a fiz diversas vezes.
Apesar de usá-lo como exemplo, tudo que eu expus resume bem como eu me sinto com todos ao meu redor. Eu sempre me chateio, sempre sinto que merecia mais e depois, começo a achar que não. Já que esse “mais” nunca chega.
Mesmo assim, uma partezinha de mim, acredita veemente que estou certa. Será que é pedir demais querer pessoas que fazem questão de estar com você? Que não haja necessidade de você ter que pedir, que isso aconteça naturalmente? Amigos que notem que você não está bem e tentem te animar? Que conheçam tão bem suas sutilezas que perguntas do tipo “você não consegue ter uma amizade sem ficar questionando as coisas todo dia não?”, nunca fossem feitas?
Acho que a pior parte disso tudo, é sentir como se você fosse uma pessoa “difícil”, que exige manutenção demais… E que dá “trabalho”, e, por isso, tem que ficar só.
Se eu me questiono, é por que está faltando algo, uma parte da amizade está insuficiente e me deixa em dúvida, confusa e triste. Como explicar sem a implicância de uma cobrança inata?
Como se ocupar ou se sentir tão autossuficiente ao ponto de ninguém conseguir fazer você sentir que não vale a pena? Essa é a pergunta que eu vou deixar para a minha próxima sessão de terapia.