O fantasma das despedidas sem um tchau
Escrito por
Djenifer Dias
Publicado em
Eu cresci com as histórias da filha do meu padrasto sobre seus términos sem um final. Aquele típico comportamento do rapaz dar um chá de sumiço, sabe? Lembro como se fosse hoje, quando ela disse que as amigas haviam sugerido que talvez era algum tipo de surpresa e que o namorado da vez logo apareceria. Mas, isso não aconteceu. O que aconteceu, foi a história se repetir com quase todos namoros que ela teve. Esse tipo de comportamento, sempre me gerou estranheza… Como a pessoa poderia simplesmente dar um ghosting e seguir em frente? Na minha cabeça, isso nunca fez sentido.
O que eu não sabia, é que alguns anos depois, seria a minha vez de ser vítima do efeito ghosting. O que foi mais dolorido é que quem fez isso comigo, era um rolo antigo, a gente cresceu junto. Compartilhamos muitas primeiras vezes, momentos, aprendizados, eu sinceramente, nem sabia como era uma vida sem ele por perto. Eu já estava tão acostumada em poder conversar com ele, até hoje, quase um ano após o nosso término sem um final, ainda me pego querendo compartilhar alguma novidade, ou quando visto aquela peça de roupa que eu sei que ele iria gostar, fico pensando em mandar foto. Boba, né?
A gente teve uma ‘amizade colorida’ que durou dez anos, e apesar de fazer mal quase tanto quanto fazia bem, o costume de tê-lo sempre por perto me faz ter uma sensação de vazio difícil de explicar. Eu achava que a gente era cúmplice, que vivíamos uma relação que ninguém nunca ia conseguir entender, mas que fazia sentido para nós. Todas as mancadas, vacilos e babaquices eu passava pano, tentava entender e seguia com ele. Era sempre ele. Mesmo quando eu iniciava relacionamentos com outras pessoas, no final, eu sempre voltava para ele. Até o meu psicólogo me disse uma vez: “parece que ele já fica sentado em uma cadeirinha só esperando você voltar”.
Foi aquela típica história do“eu nunca vou enjoar de você”, “vamos ficar juntos para sempre”, e mesmo sendo uma relação disfuncional onde eu tinha e não tinha alguém, eu acreditava cegamente nisso. A minha última mensagem até hoje me assombra… Eu fui tão sincera, tão honesta, tão verdadeira, tão aberta e ele nem ao menos me respondeu.
Acho que não existe golpe mais baixo do que esse, a pessoa acha que você não merece nem um ponto final. Isso me lembra um trecho do livro “Nós dois sozinhos no Éter”, no qual protagonista fica feliz quando seu interesse amoroso decide brigar com ela, isso porque, ela estava acostumada com a relação anterior onde o ex, simplesmente, seguia com a vida e não entrava em embates, ou discussões. Ele tinha aquele comportamento de “essa mulher é louca”, e foi assim que eu me senti.
E talvez, eu seja mesmo. Isso pelo menos iria explicar como eu pude estar tão completamente enganada sobre uma pessoa que eu achava conhecer tão bem. No primeiro dia sem resposta, eu pensei que era só questão de tempo para ele me responder ou me ligar. Na primeira semana, eu comecei a fazer desafios mentais “se ele responder depois de x dia, eu vou deixar ele no vácuo por uma semana”. Até que eu percebi que eu não tinha como fazer isso, afinal, ele tinha me deixado primeiro.
Eu me culpei bastante, pensei que talvez se eu não tivesse reclamado, ele ainda estaria aqui. Depois, eu entendi que eu não era culpada. Eu fui eu. Não tinha como ser outra pessoa, ele me conhecia, e me conhecia bem. O problema, é que ele nunca me amou da mesma forma, caso sim, jamais teria me deixado como deixou. Sem nem ao menos um adeus. Mas, a história fica pior…
Na época, o que me consolou foi um amigo que conversou comigo e me deu atenção, me fez realmente acreditar que o problema não era eu. Me ajudou a enxergar minhas qualidades e me fez voltar a me sentir uma pessoa querida. Eu nunca ia imaginar que esse mesmo amigo que me tirou do fundo do poço ia ser o mesmo que ia me jogar nele de volta…
Mesmo sabendo que o término sem final havia me deixado triste, ele foi lá e fez o mesmo comigo. Teve a coragem de repetir o mesmo Modus Operandi, só porque eu disse algo que ele não gostou, ele simplesmente não me respondeu. Deixou minha mensagem lá, largada, parada no tempo e ignorada.
Eu nunca vou conseguir expressar como isso me devastou, de novo, o mesmo sentimento de “eu não esperava isso dele”, “como ele conseguiu fazer isso comigo?”. Ele sabia como isso ia me atingir e mesmo assim, ele fez. O engraçado é que a minha mãe já tinha previsto esse final, ela falava que ele só era meu grande amigo porque tinha um relacionamento ruim, que assim que ele terminasse de vez com ela, provavelmente, iria gostar de outra pessoa e eu seria descartada.
Acho que ela estava certa, porque ele realmente já engatou um relacionamento com outra pessoa, e ao que parece, me descartou. O mais triste é que eu não posso mais aceitá-lo de volta. Foi muito dolorido o que ele fez, eu não merecia um sumiço desses, na verdade, ninguém merece. Se pelo menos, ele tivesse gritado comigo, falado algo para me magoar, mas tivesse se permitido sentir algo. Eu poderia perdoá-lo por isso. Agora, mais uma vez, sentir que eu não estou valendo a briga, isso eu não posso aceitar.
Eu mereço, eu valho os gritos, os xingos, a raiva, a emoção. Eu mereço tentativas, esforço e empenho.
E quem achar que não, faz bem em sumir da minha vida.
O que eu não sabia, é que alguns anos depois, seria a minha vez de ser vítima do efeito ghosting. O que foi mais dolorido é que quem fez isso comigo, era um rolo antigo, a gente cresceu junto. Compartilhamos muitas primeiras vezes, momentos, aprendizados, eu sinceramente, nem sabia como era uma vida sem ele por perto. Eu já estava tão acostumada em poder conversar com ele, até hoje, quase um ano após o nosso término sem um final, ainda me pego querendo compartilhar alguma novidade, ou quando visto aquela peça de roupa que eu sei que ele iria gostar, fico pensando em mandar foto. Boba, né?
A gente teve uma ‘amizade colorida’ que durou dez anos, e apesar de fazer mal quase tanto quanto fazia bem, o costume de tê-lo sempre por perto me faz ter uma sensação de vazio difícil de explicar. Eu achava que a gente era cúmplice, que vivíamos uma relação que ninguém nunca ia conseguir entender, mas que fazia sentido para nós. Todas as mancadas, vacilos e babaquices eu passava pano, tentava entender e seguia com ele. Era sempre ele. Mesmo quando eu iniciava relacionamentos com outras pessoas, no final, eu sempre voltava para ele. Até o meu psicólogo me disse uma vez: “parece que ele já fica sentado em uma cadeirinha só esperando você voltar”.
Foi aquela típica história do
Acho que não existe golpe mais baixo do que esse, a pessoa acha que você não merece nem um ponto final. Isso me lembra um trecho do livro “Nós dois sozinhos no Éter”, no qual protagonista fica feliz quando seu interesse amoroso decide brigar com ela, isso porque, ela estava acostumada com a relação anterior onde o ex, simplesmente, seguia com a vida e não entrava em embates, ou discussões. Ele tinha aquele comportamento de “essa mulher é louca”, e foi assim que eu me senti.
E talvez, eu seja mesmo. Isso pelo menos iria explicar como eu pude estar tão completamente enganada sobre uma pessoa que eu achava conhecer tão bem. No primeiro dia sem resposta, eu pensei que era só questão de tempo para ele me responder ou me ligar. Na primeira semana, eu comecei a fazer desafios mentais “se ele responder depois de x dia, eu vou deixar ele no vácuo por uma semana”. Até que eu percebi que eu não tinha como fazer isso, afinal, ele tinha me deixado primeiro.
Eu me culpei bastante, pensei que talvez se eu não tivesse reclamado, ele ainda estaria aqui. Depois, eu entendi que eu não era culpada. Eu fui eu. Não tinha como ser outra pessoa, ele me conhecia, e me conhecia bem. O problema, é que ele nunca me amou da mesma forma, caso sim, jamais teria me deixado como deixou. Sem nem ao menos um adeus. Mas, a história fica pior…
Na época, o que me consolou foi um amigo que conversou comigo e me deu atenção, me fez realmente acreditar que o problema não era eu. Me ajudou a enxergar minhas qualidades e me fez voltar a me sentir uma pessoa querida. Eu nunca ia imaginar que esse mesmo amigo que me tirou do fundo do poço ia ser o mesmo que ia me jogar nele de volta…
Mesmo sabendo que o término sem final havia me deixado triste, ele foi lá e fez o mesmo comigo. Teve a coragem de repetir o mesmo Modus Operandi, só porque eu disse algo que ele não gostou, ele simplesmente não me respondeu. Deixou minha mensagem lá, largada, parada no tempo e ignorada.
Eu nunca vou conseguir expressar como isso me devastou, de novo, o mesmo sentimento de “eu não esperava isso dele”, “como ele conseguiu fazer isso comigo?”. Ele sabia como isso ia me atingir e mesmo assim, ele fez. O engraçado é que a minha mãe já tinha previsto esse final, ela falava que ele só era meu grande amigo porque tinha um relacionamento ruim, que assim que ele terminasse de vez com ela, provavelmente, iria gostar de outra pessoa e eu seria descartada.
Acho que ela estava certa, porque ele realmente já engatou um relacionamento com outra pessoa, e ao que parece, me descartou. O mais triste é que eu não posso mais aceitá-lo de volta. Foi muito dolorido o que ele fez, eu não merecia um sumiço desses, na verdade, ninguém merece. Se pelo menos, ele tivesse gritado comigo, falado algo para me magoar, mas tivesse se permitido sentir algo. Eu poderia perdoá-lo por isso. Agora, mais uma vez, sentir que eu não estou valendo a briga, isso eu não posso aceitar.
Eu mereço, eu valho os gritos, os xingos, a raiva, a emoção. Eu mereço tentativas, esforço e empenho.
E quem achar que não, faz bem em sumir da minha vida.
Atualização: Eu escrevi esse texto há quase dois meses atrás, e, eu e o amigo em questão voltamos a nos falar, ele desculpou disse que não tinha percebido que havia reproduzido o comportamento do meu ex. Porém, hoje, eu estou quase na mesma situação com ele novamente. Mais uma vez, ele sumiu. Desta vez, já estamos há pouco mais de uma semana sem se falar e a minha última mensagem flutua sem resposta no Whatsapp.
Já dizia Avril Lavigne, complicated!