3 - A Comédia,de Dante Alighieri Assim como Dom Quixote ,trata-se de uma sátira que os resumos convencionais costumam não acentuar.Mais tarde chamada de A Divina Comédia ,o livro escrito entre 1306 e 1321 por Dante é uma espécie de vingança contra sua cidade,Florença,cujos habitantes são distribuídos pelo inferno e purgatório; apenas alguns merecem o paraíso, especialmente a amada Beatriz e o guia do narrador,Virgílio,o autor de A Eneida .Normalmente exaltado por seu imaginário rico em precisão e sentimentos,o longo poema toscano também é inigualável em sua capacidade de unir o coloquial e o sofisticado,atingindo uma unidade complexa que raríssimos tradutores captam. |
4 - Hamlet,de William Shakespeare Quase tudo que Shakespeare (1564-1616)escreveu merece ser lido. Nenhum autor traduziu como ele as angústias do homem de qualquer época, confrontado entre a palavra e a justiça.Das peças mais famosas, Hamlet (1600 ou 1601) acaba sendo a escolhida por ser a mais filosófica, quase sem ação,sustentada em monólogos inesquecíveis.Mais enxuta que Rei Lear e mais regular que Macbeth, contém toda a ambigüidade da própria condição humana.Com provas tão fracas como o fantasma do pai que lhe aparece,Hamlet parte para se vingar do tio e,sobretudo,da mãe,contando com a falta de tato de sua amada Ofélia.E,ao contrário do que ocorre nas peças gregas,não há equilíbrio a restabelecer no final: apenas a imperfeição de qualquer verdade proferida pelo homem. |
5- A Morte de Ivan Ilitch,de León Tolstói Tolstói escreveu Guerra e Paz (1865-69)e Anna Karenina (1875-77),a maior história de guerra e a maior história de amor que o leitor já conheceu. Mas entre nesse mundo exclusivíssimo com A Morte de Ivan Ilitch ,um personagem que ninguém construiu igual no mesmo número de páginas. O pensamento de Tolstói,moralista,grandiloqüente,é de difícil assimilação pelo leitor moderno,mas a descrição do carreirista sem caráter Pedro Ivanovitch se faz nas dez páginas iniciais,nas quais nada,nenhum detalhe, é redundante.Em sua sede de aceitação social,incapaz de ter opinião própria,Ivanovitch leva uma vida covarde e representa o homem no que tem ao mesmo tempo de mais mesquinho e presunçoso:a crença de que não vai morrer.Sua vida é a própria morte.
6 - As Viagens de Gulliver,de Jonathan Swift
Nenhum escritor teve tão poucas papas na língua para descrever a pobreza moral humana do que Jonathan Swift. Ensaísta e panfletário brilhante,ele publica As Viagens de Gulliver em 1726 com a intenção de "envergonhar o mundo, mais do que diverti-lo".E,divertindo-o como poucos, ele põe a nu as pretensões humanas nas viagens de Gulliver a Liliput, Brobdingnag,Laputa e Glubdubdrib,com seus seres vaidosos, imediatistas,bitolados e falsos, sintetizados finalmente nos Yahoos, sujos e degredados e estranhamente semelhantes aos homens. Swift fundou a prosa inglesa moderna e seu livro é a demonstração de que o orgulho humano não é tão racional.
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7 - A Odisséia,de Homero
Não há que escolher entre A Ilíada e A Odisséia :os dois livros devem ser lidos.primeiro é o maior poema sobre uma guerra,ao mesmo tempo épico e detalhista,um prodígio de fluência narrativa e invenção melódica. A Odisséia é uma multiplicação ainda maior de histórias dentro da mesma história,a grande viagem de retorno de Ulisses (Odisseu)para sua terra,interceptada por seres fascinantes e lugares surpreendentes,que testam a grande virtude do navegador:sua capacidade de não perder o bom senso no pico das crises,de não ser sugado pelo abismo dos sentidos e dos desejos.Se houvesse um só livro para ler,e esse livro fosse A Odisséia ,não poderíamos reclamar da literatura.
8 - Ulisses,de James Joyce James Joyce era um sujeito tão excêntrico,tão excêntrico,que um dia teve uma idéia tão ambiciosa quanto óbvia:adaptar A Odisséia para nossa pobre vida cotidiana,sem heroísmos e mitologias,sem destinos grandiosos ou mesmo qualquer destino.E em 1992 ele publicou Ulisses, um relato que comprime em 24 horas de um perambular por Dublin os dez longos e atribulados anos que o Ulisses homérico gastou para voltar a Ítaca.Numa linguagem repleta de inovações,trocadilhos e cortes, perturbadoramente descontínua,entramos na cabeça de Stephen Dedalus, Leopold Bloom e Molly Bloom,três irlandeses aparentemente comuns. E de repente nos sentimos num mundo tão deslocado quanto o de Homero, como se o familiar e o estranho fossem um só. |
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9 - Em Busca do Tempo Perdido,de Marcel Proust Publicado entre 1913 e 1927 em sete volumes,este é o maior romance do século, tanto no tamanho como na complexidade.Dezenas de personagens se cruzam em histórias de amor,ciúme e inveja,na França da Belle Époque,e a narrativa vai passando do detalhe ao painel e do painel ao detalhe sem fazer projeções definidas,num constante reajuste de tudo aquilo que nunca será perfeitamente ajustado.A grandeza do romance de Proust pode ser entendida na seguinte equação:há centenas de cenas e figuras memoráveis,mas,tal como um poema,não se pode resumir a história sem prejuízo dela mesma,tal o feitio das frases, modulação das vozes,a inteligência do texto.O micro e o macro nunca se relacionaram assim antes. |
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10 - As Flores do Mal,de Charles Baudelaire A poesia francesa e mundial,a arte e a própria vida nunca mais foram as mesmas depois que Charles Baudelaire escreveu As Flores do Mal, em 1857.Acusada de blasfêmia e obscenidade,a reunião de poemas sobre o tédio e a hipocrisia da vida humana é menos agressiva do que pode parecer.O segredo de Baudelaire,que lhe permitiu se apropriar do passado e preparar o futuro da literatura,foi juntar a eloqüência clássica com as dissonâncias e imprecisões que seriam marcas da modernidade. Numa mesma estrofe,ele vai do sussurro ao grito,do doce ao amargo,e cria uma experiência vital.Baudelaire também foi grande crítico de música e pintura,derrubando o mito de que o crítico é um criador frustrado.
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Ok, que vergonha. Nunca li nenhum desses livros. ;x haushas'
ResponderExcluirMas legal saber dessa lista, Hamlet é um livro que tenho muita vontade de ler e As Viagens de Gulliver também ;)
Bj;*
Naty.
Nossa, que tristeza!!! Nunca li nenhum deles =( Mas adorei o post!
ResponderExcluirBjss
Nati
http://meninadelivro.blogspot.com/
@NatiiBianchin
eu li o divina comédia, participem do concurso cultural poxa
ResponderExcluirCrime e Castigo é perfeito, Dom Quixote adoooro, Hamlet (amoooo Shakespeare e faço pesquisas sobre as obras dele), super recomendo James Joyce, os livros dele são perfeito, é um ícone da literatura irlandesa, um dos livros dele que eu gosto muito é Dubliners, que reune uma coletânea de seus contos mais importantes. Só o "Em busca do tempo perdido" e "Flores do Mal" que ainda não li, mas morro de vontade...
ResponderExcluirParabéns pela postagem!!!
Daiane
nouniversodaliteratura.blogspot.com
mais uma vez obg pelo elogio e parabens por suas leituras :)
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