Um dia a gente se encontra em uma esquina qualquer,em uma multidão no meio da cidade ou em um passeio no qual fomos apenas por obrigação. Talvez a gente não se olhe logo de cara,talvez estejamos ocupados demais vivendo nossas vidas para perceber a chegada um do outro. Provavelmente já teremos vivido muito antes dos nossos caminhos se cruzarem,tanto que podemos chegar ao ponto de pensar que já experimentamos tudo o que há de bom no mundo,ou de não acreditarmos mais no amor por termos nos decepcionado com todos os outros que pensávamos ser para sempre. Já teremos feito mais viagens do que podemos nos lembrar,mais amigos do que podemos contar e mais promessas do que pudemos cumprir. Estaremos felizes, é claro que sim, mas ao mesmo tempo procurando algo sem saber o que é. E depois de viver tudo isso, a gente começa tudo de novo. Juntos.
Provavelmente estaremos distraídos no momento em que nos encontrarmos, talvez seja como um daqueles momentos em que os olhares permanecem vidrados mais tempo do que se deveria, e mesmo não acreditando em amor a primeira vista, talvez sejamos como Romeu e Julieta, que se encantaram no instante em que se olharam pela primeira vez, ou quem sabe podemos não nos dar muito bem logo de início, como Rose e Jack. Talvez esse seja o nosso marco, como aquele momento decisivo na vida de alguém,o instante que marca a sua existência em antes e depois.
Quem sabe a gente fique conversando por horas,sem nos dar conta do tempo, talvez a gente se encontre em uma livraria pequena ou em um show no interior e então viveremos os clichês mais originais que alguém já viu. Na pior das hipóteses deixaremos esse momento passar,sem ter a noção da oportunidade que nos foi concedida. Talvez a gente já tenha se esbarrado por ai em algum lugar. Eu espero que não. Imagine viver a vida esperando por algo que já passou e você nem viu?
E de tudo isso eu só espero uma coisa: que seja de verdade. Que seja de alma e corpo inteiro. Pode começar devagar, mas depois tem que ser concreto. A gente se encontra um no outro e vive como se tivesse começado agora, porque na realidade,começamos mesmo. Seremos como duas crianças que não sabem as regras do jogo. E não me pergunte sobre o tempo,isto não importa. O nosso tempo a gente faz como quiser porque no nosso mundo ele é diferente e não mede amor.
Então vamos finalmente entender esse sentimento,isso de sentir que há uma parte nossa em alguém,uma parte que não pode ser pegada de volta. Vamos descobrir o que é ser recíproco. E finalmente vamos entender porque todas as outras vezes não deram certo. Cada erro nos fez chegar até aqui. A escolha da faculdade,o caminho mais rápido até o parque e aqueles cinco minutos de atraso. Todos os caminhos errados deram certo.
Então,exatamente neste momento estamos separados por esse mundo gigantesco, provavelmente nem tenhamos noção da existência um do outro,e exatamente agora e em todos os momentos seguintes tudo conspira a nosso favor, cada passo nos coloca mais perto. Talvez seja como um daqueles dias em que você acorda com um bom pressentimento, com uma esperança incomum, um desejo de que algo mágico aconteça. Um dia a gente vai perder o ônibus, entrar na rua errada ou ir à algum lugar que não gostamos mesmo que pudéssemos ter saído cinco minutos mais cedo, usado o GPS ou simplesmente ter passado mais uma sexta feira à noite vendo um filme em casa. Um dia a gente se encontra em uma esquina qualquer,em uma multidão no meio da cidade ou em um passeio no qual fomos apenas por obrigação. Um dia a gente se encontra por aí,em algum lugar,onde quer que ele seja.
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