Quais os desafios e consequências que The Walking Dead ainda irá enfrentar?
Escrito por
Lais Alves
Publicado em
Cuidado com possíveis spoilers quanto ao destino da série e
suas personagens.
Na trama, protagonizada por
Andrew Licoln, Rick Grimes acorda de um coma em um cenário apocalíptico – um
mundo tomado pela destruição de uma praga que infecta humanos, tornando-os
zumbis. Na busca por sua família e seus ideais, Rick se depara com diversos
grupos e desafios – sendo o principal deles um fator externo aos
acontecimentos: a produção da série.
Com escolhas questionáveis, é
inegável que a qualidade da série não é mais a mesma desde sua terceira
temporada – ou considerada por muitos até mesmo antes disso. Embalada em uma
série de eventos repetitivos, a série tornou-se uma repetição de si mesma, em
uma fórmula que tenta provocar o expectador, mas acaba por cair num marasmo
inconsequente, onde até mesmo os fatores de choque não levam a mais nada.
Dito isso, a nona temporada pode
ser considerada o seu maior desafio desde então. A saída de seu protagonista –
na qual a escolha da saída do ator vem sendo divulgada há meses – provocou a
escolha da série em se precipitar em dar um fim à uma personagem que ainda
existe em seu material original – e que se faz necessário na série, mesmo que
acabe tendo o mesmo arco dramático em toda temporada.
Embora tenha um elenco com atores
notáveis, talvez seja Andrew Lincoln que faça The Walking Dead funcionar até
hoje. Em seu trabalho, Licoln faz, sem qualquer estigma, com que sua personagem
permita-se viver no caráter não maniqueísta e debatedor que é inerente à
filosofia da série: o comportamento humano, sobretudo, o que se torna a
definição de humano em um mundo em que a sociedade se torna questionável ou
quase extinta. Em um ambiente deteriorado e ríspido, temos a possibilidade de
vivenciar, seja de maneira estereotipada ou não, o nascimento de civilizações
em meio ao fim das mesmas, em debates sociais, extraindo tudo o que o
relacionamento entre humanos tem de melhor – e de pior.
Nesta temporada não seria
diferente. Temos o embate entre três grupos sociais – o de Rick, o de Maggie e
o de Negan, em que cada um busca dentro de seu ideal, no que espera que faça a
sociedade prosperar novamente. A civilização começa crescer junto de suas
desavenças. Alianças estão sendo feitas ao mesmo tempo em que outras começam a
se romper – no qual o embate se centraliza em liderança e nas motivações de
cada um.
Em seu primeiro episódio foi
estabelecido este embate, mesmo que superficialmente, nas quais as subtramas
serão responsáveis por criar o conflito central. Essas particularidades são um
recurso normal em narrativas, entretanto vale ressaltar a importância dada. O enfoque
temático foi totalmente no caráter nas questões quanto a liderança – nas consequências
tidas até então, especialmente após a queda de Negan, autoritário e fascista, em
contraste com a democracia questionável e egoísta de Rick e Maggie, que estão revendo
suas prioridades ao mesmo tempo que tentam manter um equilíbrio em seu grupo – mas
será que há paz em uma distopia?
A idealização do futuro prospero
entra em conflito com os acontecimentos. Com foco nas personagens de Rick e
Maggie, o enredo alterna por seus protagonistas onde surgem oportunidades para
cada um apresentar e defender, superficialmente ou não, suas convicções. Nestas
situações, as consequências geram o fruto da discórdia entre as personagens
secundárias – será essa a escolha certa? Até onde um sacrifício ainda se torna
válido?
O tom de mudança, questionamento
e reformulação deve permanecer forte por toda temporada – mas que provavelmente
será estabelecida apenas em sua segunda parte. The Walking Dead, novamente, tem
a possibilidade de desfrutar do caos situacional em que as suas personagens
estão inseridas. Mas após um episódio de estreia mediano e lento, resta apenas o
questionamento sobre o que a série se tornará sem seu protagonista, e se mesmo
com tantas possibilidades se será novamente uma repetição de si mesma, em uma
ambientação nova, ou se finalmente surpreenderá.
The Walking Dead é exibido no Brasil
pelo canal FOX aos domingos às 22h30.