Crítica | Chemical Hearts: Um romance além do clichê
Não tão popular como sua concorrente - vulgo Netflix - a Amazon Prime também possui produções originais que concorrem páreo a páreo. Seu mais recente longa, com duração de 1h33min, A Química que Há Entre Nós, ou no título original Chemical Hearts, é uma prova disso. A obra baseada no livro de mesmo nome da escritora australiana Krystal Sutherland é protagonizado pela brilhante Lili Reinhart - conhecida pelo seu papel como Bety Cooper em Riverdale - e pelo jovem, mas experiente, Austin Abrams (The Walking Dead, Euphoria e Cidades de Papel).
Na mesma pegada de "Por Lugares Incríveis" - o que não significa serem parecidos - o filme do diretor Richard Tanne irá emocionar você e te fazer refletir do começo ao fim. A literatura, principalmente a poesia, é um fator essencial nessa história, e é o que faz com que tanto os personagens, como você, passem a entender e enxergar o amor, a dor, a vida e a morte de uma forma mais sensível.
Muito mais do que um mero filme clichê, Chemical Hearts conta a história do jovem Henry Page, um aspirante a escritor, que sente que sua vida é parada e até mesmo um pouco vazia, até o dia que conhece Grace Town uma garota misteriosa. Diferente dos filmes de romance adolescente aos quais estamos acostumados - onde eles se apaixonam perdidamente, algo ocorre para separa-los, mas tcharan no final "felizes para sempre" - essa história é cercada de auto-conhecimento, superações - e como disse o personagem de Austin ao analisar Pablo Neruda "Soneto de Amor XVII" - e de um amor pelas falhas, imperfeições e pelo potencial de quem se pode ser.
O filme ainda retrata questões importantes como sexualidade, o suicídio - de uma forma leve - e o quanto é difícil ser adolescente, passar por cobranças e por descobertas que tendem a ser em sua maioria dolorosas.
Levando em conta a atuação, ambos protagonistas estão excelentes. Porém, é preciso dar destaque principalmente a atuação de Reinhart, que demostrou todo seu talento dando vida a uma personagem cheia de dramas, desde seu problema físico até suas percas.
Como se a história do filme já não fosse suficientemente boa, toda a composição deste pode ser considerado impecável. A fotografia do longa é uma obra de arte a parte, a edição, os cortes e a capitação das imagens. Com uma pegada mais escura - como se o filme inteiro se passasse em um dia nublado - e diferente de outros filmes que buscam a imagem clara como uma forma de passar a ideia do "american dream", essa fotografia de Albert Salas transpassa o mistério e a dor.
Resumidamente, Chemical Hearts deixa de ser apenas um filme adolescente quando você abre sua mente para entender a mensagem - que vem em forma bem poética - de que coisas ruins acontecem e que elas fazem parte da vida, porém é possível seguir em frente e superar - mesmo que isso não vá acontecer em um passe de mágica - e sim com o tempo, com pessoas e principalmente encontrando a si mesmo.
Nota Final: 5/5