Crítica | "Querido Evan Hansen" é um alerta sobre a saúde mental
Querido Evan Hansen,
Obrigada por me fazer chorar metade do filme e molhar minha
máscara inteira J
Para aqueles que me conhecem sabem que eu AMO filmes de ação
e musicais não são muito meu estilo, entretanto, me rendi a esse filme.
Para quem não conhece, a história retrata a vida de Evan
Hansen (Ben Platt, quem lembra dele no filme “A escolha perfeita”?),
um estudante do ensino médio que sofre de ansiedade e tem problemas para
se comunicar com as pessoas - algo simples para nós como receber um
entregador na porta, para ele se transforma em um grande desafio e gera medo - e a pedido de sua terapeuta, Evan tem que escrever cartas para si mesmo, porém uma dessas
cartas acaba indo parar na mão de um aluno chamado Connor, e por conta de um
evento inesperado e um mal-entendido, Evan vê sua vida se transformar em uma
montanha-russa de mentiras e emoções que traçam toda a construção de seu
personagem.
Aqui cabe um adendo de gatilhos (o filme trata de suicídio,
ansiedade, depressão e bullying) e um aviso para que você, querido leitor,
leve um lencinho para ver esse filme. Todas as canções são muito bem interpretadas
pelos personagens, e acredite quando eu digo que todo mundo canta, ninguém fica
de fora (e todos, sem exceção, são afinadíssimos). O filme é uma adaptação do famoso
musical da Broadway que carrega o mesmo nome, e não nos decepciona na atuação e
nas músicas, tudo é muito bem escrito e a trama nos envolve.
Mas como todo filme musical, “Querido Evan Hansen” tem seus
pontos negativos. Começando com as transições, do momento em que o personagem
está falando e depois começa a cantar, as vezes eu me perdia na linha de
raciocínio quando isso acontecia, porque era algo muito brusco. Segundo, eu
realmente amei as canções, entretanto, em cenas mais comoventes ao invés do som
melódico e triste, por vezes, vinha uma elevação vocal muito grande que não
condizia com o que era passado na tela. Por último, os cenários não são tão
bons quanto se esperam de um filme com essa temática, confie quando eu digo que
o cenário é quase tão importante quanto os personagens (posso apostar que você
imaginou dezenas de filmes que tem uma cinegrafia incrível, certo?) e eu sequer
me recordo onde se passava alguma das cenas.
Uma coisa que gostaria que vocês prestassem atenção, é na personagem Cynthia, feita pela atriz Amy Adams, de longe foi a minha favorita do longa, as expressões faciais, a negação dela pelo que aconteceu, os seus olhares e a maneira que agia depois de tudo o que houve foi incrível, eu me senti muito envolvida por essa personagem em específico e tenho certeza que vocês vão entender do que eu estou falando quando forem assistir.
A direção do filme ficou com Stephen Chbosky, sim, o mesmo que dirigiu filmes que ganharam o amor dos fãs e de Hollywood como, "As vantagens de ser invisível" (2012) e "Extraordinário" (2017). De todos esses filmes que dirigiu, é possível notar que Stephen segue o caminho de contar histórias sobre crianças e adolescentes e seus amadurecimentos (falando, especificamente, dos que citei acima). Claro que diferente dos outros filmes que dirigiu, esse é um musical que veio direto da Broadway, o filme tem sim seus altos e baixos, que citei anteriormente, entretanto não é um filme desperdiçado de forma alguma, podem haver falhas sim, mas a lição que o filme nos traz fica bem claro ao final do mesmo e ele nos emociona durante sua trajetória.
O filme em si é muito bom e um grande tapa na cara daqueles
que acham que a saúde mental é brincadeira, tudo mostrado ali com os
personagens é algo que acontece na vida real, as vezes alguém do seu lado pode
estar passando por uma situação parecida e não tem a quem pedir ajuda. Mas peca
em algumas partes, mesmo assim, é um
filme que vale a pena e que, com certeza, te ensinará muito sobre a vida e sobre a preciosidade dos pequenos momentos que passamos com quem amamos.