Você já parou para pensar em como sua vida poderia ser diferente?

No final de semana, eu estava tomando café com os meus pais e um lugar bonitinho quando um rapaz que dava em cima de mim na época da minha primeira faculdade - sou formada em Direito, para quem não sabe - se sentou proximo da gente com a esposa dele. Repito, ESPOSA. 

E, ao perceber, que se tratava do rapaz x que na época da faculdade havia tentado ficar comigo diversas vezes, eu parei para pensar: UAU! Como a vida é doida. Poderia ser eu ali, no mesmo lugar, mas em uma mesa diferente, sentada com o meu marido.

É engraçado como apesar dos anos estarem começando a pesar nas minhas coisas - sou uma jovem senhora de quase 28 anos. Hehe - certas palavras ainda não fazem o menor sentido pra mim: filhos, casamento e marido. Blé! 

Continuei comendo meu bolo de cenoura com chocolate e tomando meu chocolate quente como se não o conhecesse. Mas, segundo a minha mãe, ele deu umas boas olhadas na minha direção. Talvez, esperando um aceno nostálgico, ou quem sabe até, tendo a mesma reflexão interna que eu. Como tudo poderia ter sido diferente.

Eu pensar que as coisas poderiam ser diferentes, não é um indicativo que eu não estou feliz em como elas são agora, nada disso, é apenas uma espiadinha na realidade alternativa, sabe?

Eu teria um corpo diferente, uma personalidade diferente, teria ido estudar jornalismo ou investiria na carreira de Direito junto com o maridão? Hehe

Tantas opções me deixam até sem ar. O mais bizarro, é que na real, eu nunca fui a fim do cara. E mesmo assim, me peguei pensando em como teria sido. É sempre engraçado ver um lugar que poderia ser seu, mas que por algum motivo, não foi.

Aí, voltei pra casa e fui tomar um banho. Adivinha? Comecei a pensar no meu último amor. Me relacionei com outros caras depois dele, mas mesmo depois de anos, continuo considerando ele meu último verdadeiro amor (me desculpa se você ficou comigo no último ano pra cá e tá tendo que ler isso, juro que não foi uma escolha minha).

Eu só percebo se realmente era amor, quando acaba. Meio doido, né? Muita gente eu me relacionei e achei que estava amando, mas só depois que chegou ao fim eu tive a confirmação se tinha sido amor ou só uma paixãozinha.

Esse cara em específico, eu acredito que tenha sido o meu amor mais verdadeiro. Eu realmente o conhecia, sabe? Ficamos uns 3 anos conversando pela internet e horas no telefone antes de se conhecer pessoalmente. E depois, ainda nutrimos uma amizade de uns bons 5 anos. Então no meio disso, meu amor por ele só foi crescendo. A gente até chegou a ficar junto um tempinho no meio desses anos todos, mas nosso relacionamento não foi pra frente.

Costumo culpar a minha imaturidade, ele sempre foi um cara a frente do tempo. Hehe. Quando eu o conheci, ele tinha uns 21 anos, mas, parecia ter muito mais. Ele é o típico cara que tem uma "alma antiga". 

Enquanto fantasiar como teria sido se eu tivesse aceitado namorar o cara da faculdade era só uma brincadeira boba de realidade alternativa, pensar em como poderia ter sido com esse outro aí, nossa. Isso doeu.

Tive aquela sensação dolorida de acordar de um sonho sabendo que é impossível dele se tornar real, sabe? Acho que o que mais me dói é pensar que eu nem ao menos o conheço mais e fico me agarrando na memória do que ele foi uns 4 anos atrás, que foi a última vez que a gente realmente conversava. Não que de lá pra cá nosso contato tenha acabado de vez, mas ele deixou de fazer parte da minha vida e se tornou só um estranho conhecido que eu troco duas palavras em algum momento aleatório.

Eu fiquei pensando se a gente estaria casado, se as três palavrinhas mágicas citadas ali em cima teriam se tornado algo do meu cotidiano, rotineiras e não assustadoras.

Será que eu teria sido feliz? Teríamos montado a nossa cafeteria (que também venderia livros, claro!). E continuaríamos tendo conversas longas e espirituosas sobre as coisas da vida. Ou depois de anos juntos, tudo teria caído na mesmice?

O pior é saber que: tem uma pessoa vivendo essa realidade no meu lugar. Mas, será que se fosse eu, estaria diferente? Ou seria igual é com ela?

Eu mudaria muito? Ou ainda seria eu? 

Eu estaria sentada aqui escrevendo essa coluna, ou a vida de casada não me deixaria ter esse momento?

Todas as coisas que deram significado para o meu 2022 teriam acontecido? 

São tantas possibilidades que o peito dói em cogitar que talvez eu teria sido mais feliz, da vontade de ir atrás de um vira-tempo e ter me declarado logo, ter aceitado logo, ter enfrentado o sentimento logo, sem medo, com pressa. Sem essa de achar que daria tempo, que teríamos tempo.

É bizarro dedicar tanto tempo (olha aí, a palavrinha repetida de novo), pensando em uma pessoa que já seguiu a vida. Será que quando você está triste, você também pensa em mim? Quando ela faz algo que você não gosta, você ainda pensa: com a Djenifer teria sido diferente. Ou será que agora, eu já não faço mais parte dos seus pensamentos?

Será que você passa na minha antiga rua e nem lembra mais de mim? Que escuta as músicas que a gente gostava e nem lembra que eram nossas? Que compra as coisas que eu gostava de comer e nem faz mais essa ligação... Falando em ligação, você ainda tem meu número? Ainda abre meu Instagram para ver se eu estou com alguém? Mais uma copa está chegando, isso te faz lembrar da copa que você passou comigo?

Da minha casa enfeitada, da gente brincando no quarto, da minha família te tratando como se você fosse membro, da minha vó me pedindo para te tratar melhor, para eu deixar de birra.

De tantas voltas que a vida deu, a gente se separou. Sua vida seguiu e a minha também.

Apesar de todos esses devaneios, acredito que o melhor aconteceu. Sou feliz assim. E você? Será que também é?