
O que achamos do filme "Quem Fizer Ganha" dirigido por Taika Waititi
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Redação Acidamente Sensível
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É claro que toda vez que pensamos em Taika Waititi lembramos de suas obras ácidas, engraçadas e que facilmente conquistaram o coração da crítica e atenção do público. Devemos lembrar que sua obra mais aclamada, Jojo Rabbit (2019), foi vencedora do Oscar de melhor roteiro adaptado, o que imediatamente fez com atingisse um nível de originalidade e confiança no meio da indústria. Mas, por mais que sua carreira seja feita de mais acertos do que erros, é preciso dizer que “Quem Fizer Ganha” é um alerta de que o diretor precisa buscar novas inspirações.
A história do filme é inspirada em fatos reais, que aliás já teve um documentário com o mesmo título. Aqui acompanhamos a jornada de Thomas Rongen, ex-jogador que se torna técnico da seleção da Samoa Americana, que ficou conhecida mundialmente após sofrer a pior derrota em Copas do Mundo registrada na história do futebol, 31 x 0 contra a Austrália. Rongen tem a difícil missão de fazer com que eles façam o improvável, que é sair do fundo do poço para ficar um pouco acima dele. Todo o conjunto dos fatores já foram documentadas e contadas de diversas formas, e aqui na versão de Taika Waititi é possível afirmar que nada de novo foi acrescentado ou que valesse a produção do filme.
Vamos lá, primeiro é preciso saber que a produção do filme foi extremamente conturbada e com mudanças desnecessárias para a história. Originalmente ele foi filmado em 2019, mas só foi lançado após quatro anos. O motivo? Atrasos por conta da pandemia, refilmagens, mudanças de elenco e entre outros. Exemplo disso era a presença do ator Armie Hammer no longa, que foi cortado posteriormente e substituído por Will Arnett. Portanto, é fácil de notar que algo não está certo no filme, sua montagem confusa ou até seu roteiro parecem estar confusos e sem direção. Exemplo dessa parte também? A relação entre a personagem Jaiyah e Rongen. No filme é mostrado que o treinador interpretado pelo brilhante Michael Fassbender tem problemas com a identidade de Jaiyah, interpretada por Kamina. Taika se utiliza disso para criar situações cômicas envolvendo sua identidade de gênero. Mas, o ponto é que essa relação entre a jogadora e o técnico que vemos no filme é totalmente divergente com a realidade, já que ambos se davam bem e que Rongen era tolerante com Jaiyah. No final das contas, a comédia esperta e sensível que eram marcas nos filmes do diretor se perderam nesse filme, deixando apenas cenas que fazem um humor transfóbico e desnecessário.
Apesar desse ponto extremamente negativo, o filme é engraçado com moderação e emotivo por contar uma história que faz qualquer um se apegar ao que está acontecendo em tela. O que faz questionar se isso é mérito da produção do filme ou pela história verídica ser originalmente emocionante. Michael Fassbender aqui mostra seu dom para a comédia, com cenas divertidíssimas e emocionantes. Não há o que reclamar de sua atuação, tendo em vista o pouco que foi oferecido a ele, foi entregue uma ótima atuação. Outros nomes gigantes como Elizabeth Moss e Will Arnett estão presentes no filme, mas com papéis extremamente secundários e esquecíveis.
Cada vez que penso mais no filme acho mais erros e incoerências, mas sabe o que é mais engraçado? Eu me diverti vendo ele. A busca de propósito de Rongen, a união e demonstração da verdadeira alma do futebol estão ali, além de outros vários elementos de obras cinematográficas que abordam temas esportivos. O gosto que acaba ficando na boca é que vimos uma espécie de “Ted Lasso” de segunda categoria, tentando pegar o que de melhor funciona na série e executado da maneira errada. Espero que “Quem Fizer Ganha” sirva de alerta e aprendizado para Taika Waititi, pois sabemos que ele pode entregar muito mais do que foi entregue aqui.
Nota: 2,5/5
Escrito por: Pedro Godoy