
Glamorização do crime dos irmãos Menendez: o impacto da escolha dos atores na percepção pública
Escrito por
Djenifer Dias
Publicado em

O perigo da glamorização
A escolha de atores com uma aparência considerada atraente pode causar uma desconexão entre o público e a realidade brutal do crime. Isso é especialmente verdadeiro quando o entretenimento coloca o foco na estética e carisma dos personagens, em vez de no impacto devastador de suas ações. A romantização de criminosos reais pode resultar em uma humanização excessiva e injustificada dos perpetradores, ignorando as complexidades e as implicações morais dos atos que cometeram.
Claro que, essa não foi a primeira vez que isso aconteceu, quem aí se lembra do seriado Dahmer, que apesar de retratar crimes horríveis, por ter sido protagonizado por Evan Peters ganhou o gosto da web.
O foco na aparência dos atores também desrespeita a memória das vítimas, minimizando a seriedade dos crimes. No caso dos irmãos Menendez, seus pais foram assassinados de forma cruel, e transformar essa história em uma narrativa que desperta simpatia pelos criminosos, por meio da atuação de atores atraentes, pode fazer com que o público esqueça das vidas interrompidas e da violência real que existiu por trás dos holofotes.
Além disso, quando o crime é romanticamente embelezado, corre-se o risco de influenciar a percepção pública de que o ato foi "menos terrível" ou até justificável, o que distorce a realidade dos fatos.
Impacto nas vítimas e na percepção pública
O foco na aparência dos atores também desrespeita a memória das vítimas, minimizando a seriedade dos crimes. No caso dos irmãos Menendez, seus pais foram assassinados de forma cruel, e transformar essa história em uma narrativa que desperta simpatia pelos criminosos, por meio da atuação de atores atraentes, pode fazer com que o público esqueça das vidas interrompidas e da violência real que existiu por trás dos holofotes.
Além disso, quando o crime é romanticamente embelezado, corre-se o risco de influenciar a percepção pública de que o ato foi "menos terrível" ou até justificável, o que distorce a realidade dos fatos.
Não entrarei no mérito se eles "merecem" prisão pérpetua ou não, ou se os pais realmente abusavam deles, o foco aqui é tentar explicar como devemos nos atentar na hora de consumir true crime.
É essencial que os criadores de conteúdo, roteiristas e produtores reconheçam a responsabilidade que têm ao lidar com histórias de crimes reais. Há um equilíbrio necessário entre a dramatização e a conscientização. Ao retratar personagens complexos, é importante evitar transformar criminosos em figuras glamorosas ou atraentes apenas por sua estética.
A crítica aqui não é à performance dos atores, mas sim à maneira como esses papéis são consumidos e interpretados pelo público. A atenção à aparência não pode superar a atenção aos atos horríveis que eles estão interpretando.
Responsabilidade na representação do crime real
É essencial que os criadores de conteúdo, roteiristas e produtores reconheçam a responsabilidade que têm ao lidar com histórias de crimes reais. Há um equilíbrio necessário entre a dramatização e a conscientização. Ao retratar personagens complexos, é importante evitar transformar criminosos em figuras glamorosas ou atraentes apenas por sua estética.
A crítica aqui não é à performance dos atores, mas sim à maneira como esses papéis são consumidos e interpretados pelo público. A atenção à aparência não pode superar a atenção aos atos horríveis que eles estão interpretando.
E também ao fato de levarem tudo como se fosse uma história ficcional, chegando ao ponto até de se fantasiarem como eles. O exercício é simples: você se fantasiaria de alguém que matou os seus pais? Então, porque, está se vestindo de pessoas que fizeram isso com os familiares de outra pessoa?
É de suma importância que ao assistir essas adaptações, o público se lembre de separar a ficção da realidade e que, por mais talentosos e carismáticos que os atores sejam, o crime retratado é um capítulo sombrio que não deve ser suavizado ou ignorado.