
JOSÉ PADILHA E 7 DIAS EM ENTEBBE: MUITO ALÉM DA CORRUPÇÃO E POLÍTICA NACIONAL
Escrito por
Joy
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O mais novo longa do diretor José Padilha, foge das
convenções em tratar de temas nacionais como corrupção e política. Nesta nova
empreitada o diretor trata de temas que causam estranheza ao público
brasileiro, terrorismo e Oriente Médio. Com uma equipe predominantemente
estrangeira, o toque brasileiro fica por conta da trilha sonora de Rodrigo
Amarante, da banda Los Hermanos, parceiro de Padilha no seriado Narcos, Lula
Carvalho na fotografia e Daniel Rezende na montagem.
Os destaques da produção
são os atores Daniel Bruhl e Rosamund Pike, reconhecidos e acalmados por suas
carreiras e que arrematam a produção do brasileiro.
"Quem tem o direito de usar essa palavra? (Terrorismo) ”
Produções que retratam o conflito no Oriente Médio tendem a
retratar a posição militar e sua visão, em 7 Dias em Entebbe retrata a visão
dos terroristas e dos sequestrados, além dos bastidores da operação militar.
Baseado em uma história real e em um livro do inglês Saul
David. Relata o sequestro do voo da Air France de Tel-Aviv à Paris, que foram
forçá-los a poucas em Entebbee, na Uganda. Os passageiros judeus foram mantidos
reféns para ser negociada a liberação dos terroristas e anarquistas palestinos
presos em Israel, na Alemanha e na Suécia. Sob pressão, o governo israelita
decidiu organizar uma operação de resgate atacar o campo de pouso e soltar os
reféns.
Utilizando de metáforas, o diretor utilizou como artimanhas
diferenciadas para a realização do projeto. A coreografia das cadeiras, dança
israelita com roupas ortodoxas, movimentos que remetem autoflagelação, alguns
bailarinos começarem a retirar os trajes e outros não, os que não tiram ficam
desfalecendo das cadeiras, como uma metáfora de que enquanto não tiram as
vestes ortodoxas não são capazes de se libertarem. Outra dança, utilizada como metáfora, consiste em uma pessoa
que fica correndo em uma esteira e nunca chega a lugar nenhum, relacionando com
as tentativas de paz no Oriente Médio.
Mesmo o foco do longa não sendo o ordinário das produções do
diretor, os assuntos corrupção e violência não faltaram no bate papo. Como
tratada em produções anteriores, essa corrupção não é algo que ocorre de vez em
quando, mas uma prática que sempre existiu.
“Corrupção é de esquerda e de direita. ”
Padilha não deixou de comentar a execução da vereadora
Marielle Franco, morta a tiros na quarta feira (14). O diretor cita:
“Vejo um processo recorrente, assassinato silencioso de milhares de pessoas... polícia despreparada, corrupta e violenta, o próprio Brasil produz policias violentos. ”
E ainda complementa:
“Violência não é sinônimo da pobreza. ”